Thursday 31 December 2009

Bom Ano 2010

A vida é uma corrida de fundo.

Como nas maratonas, temos a obrigação de nos preparar para os desafios que nos esperam, sabendo que ninguém vence sem trabalho. Como nas maratonas, temos momentos em que nos sentimos fortes e em que temos a sensação de nada nos irá parar. Como nas maratonas, temos momentos em que estamos tão débeis que descremos da nossa capacidade para alcançar os objectivos definidos. Como nas maratonas, devemos perceber que apesar de sermos nós a determinar a nossa sorte, é importante a partilha com os outros, pois há momentos que eles precisam da nossa ajuda, mas haverá, certamente, outros em que seremos nós a precisar de quem nos apoie. Como nas maratonas, o sabor de alcançar um objectivo importante é algo que supera todos os sacrifícios que tenhamos feito em seu nome!

A todos os leitores deste blog, uma boa etapa 2010 para a maratona das vossas vidas!

Monday 28 December 2009

S. Silvestre do Porto

O almoço estava delicioso. O bacalhau com broa fora cozinhado com todos os cuidados e tinha um sabor fantástico. As lascas branquinhas soltavam-se com facilidade e o paladar mostrava que a matéria-prima tinha sido primorosamente demolhada: salgadinha q.b.!
Para acompanhar esta iguaria havia um espumante bruto Terras do Demo. A combinação dos dois era excelente e fez daquele almoço um momento de exultação dos prazeres da boa mesa, mostrando que não há nenhuma cozinha no mundo que se compare à nossa gastronomia tradicional.
Para rematar o repasto, que foi servido em casa de bons amigos e, portanto, em excelente companhia, nada melhor que uma bela tábua de queijos, com o da serra bem amanteigado e degustado com pão regional fresco a marcar a diferença.

Esta tarde bem passada foi interrompida por volta das 16.30h, pois era hora de regressar a casa para me preparar para algo que iria rematar o dia: a corrida de S. Silvestre da cidade do Porto! Assim foi. Despedimo-nos dos anfitriões e regressamos.

Pelo caminho dei comigo a pensar que talvez não tivesse sido muito boa ideia ter um almoço daqueles num dia do prova. Ainda se fosse massa... Mas não, não tinha sido massa. Talvez tivesse exagerado no bacalhau, no espumante, no queijo, enfim, talvez tivesse... exagerado! A verdade - pensava eu - é que o belo almoço já lá morava e só isso já chegava para ter o dia ganho!

Depois de mudar de roupa, lá me dirigi até à cidade do Porto, conseguindo chegar ao local da prova com cerca de 45 minutos de antecedência. Era tempo de recolher o dorsal e de começar o aquecimento. Estava tudo pronto para a grande festa!

Tive a sorte de partir na frente, conseguindo arrancar sem os habituais atrasos de quem começa atrás numa coluna de quase 2.000 atletas. O primeiro quilómetro foi super rápido, em menos de quatro minutos. Logo depois da descida inicial começamos o calvário da subida até ao Marquês. Eram quase dois quilómetros a empinar que serviram para me me mostrar que aquele não seria um dia de grandes feitos atléticos. Ainda não tinha atingido o segundo quilómetro e já sentia a estúpida da dor de burro a massacrar-me. Percebi que a prova teria de ser gerida com calma sem nunca atingir os limites. Foi o que fiz.
A passagem pelos cinco quilómetros foi feita com cerca de 21:30 numa altura em que começa a pior parte da prova. São exactamente dois quilómetros a subir com elevada inclinação. O primeiro deles foi percorrido em 4:55 e o segundo em 5:25, mostrando bem as dificuldades que senti. Apesar disso deixei-me ir num ritmo razoavelmente confortável para que não tivesse de fazer paragens ou abrandamentos demasiados fortes. Talvez por isso consegui, logo depois desta subida, recuperar algum fôlego e terminar em crescendo, aproveitando os dois últimos quilómetros, sempre a descer, para recuperar algum tempo.
Acabei a prova com o tempo oficial 44:32, ficando no 407º lugar da classificação geral entre 1.869 atletas que terminaram a prova.

Fiquei muito satisfeito com a prova que fiz que, acima de tudo, rematou da melhor forma um dia muito bem passado!

Wednesday 16 December 2009

100 Anos de Olimpismo


Chegou-me ontem às mãos o meu exemplar do livro de Carlos Paula Cardoso que evoca a passagem do 100º aniversário do Comité Olímpico de Portugal. De excelente qualidade gráfica este documento apresenta de forma exaustiva o desenvolvimento do olimpismo no nosso país desde que o movimento iniciado pelo Barão de Cubertin cá entrou.

Considero que os Jogos Olímpicos são a manifestação desportiva mais importante e mais marcante que se faz no mundo. Nenhuma outra tem tantas histórias de glória e de superação de alguns atletas ou de frustração de outros. Nenhuma outra manifestação desportiva junta pessoas de todo o mundo num mesmo local e a orientar-se debaixo das mesmas regras. Nada se compara ao ambiente que se vive nos dias de competição, à expectativa de milhões e milhões de pessoas em todo o mundo. Enfim, os Jogos Olímpicos são algo de absolutamente único!

É por isso que nos próximos dias irei "devorar" esta autêntica preciosidade!

Wednesday 9 December 2009

52ª Volta a Paranhos - A minha prova

Cheguei a Paranhos com pouco mais de uma hora de antecedência sobre o início da prova. O ambiente que se vivia nas redondezas do local de partida era já o das corridas. Não faltava gente em fato de treino deambulando pelas ruas, o odor aos cremes que os atletas utilizam para os seus musculos sentia-se a cada esquina, as ruas já se apresentavam com as barreiras de protecção e outros objectos de condicionamento do trânsito e o povo, ainda em escasso número, olhava para esse reboliço sem deixar de reparar nas diferenças face aos dias comuns.

Pouco depois de estacionar o carro parto ao encontro dos meus colegas de clube para levantar o meu dorsal. Pelo caminho vou encontrando alguns amigos, com foi o caso da dupla Meixedo/Velhote, entre muitos outros.

Já com o dorsal e o chip colocado (já nem estava habituado a colocar o chip!!!) faço um ligeiro aquecimento. Uns 20 minutos em passo bem lento na rua Manuel Laranjeira e no parque de estacionamento da Faculdade de Economia, momentos em que revivi alguns dos bons anos que lá passei!

Já eram quase 10.45h pelo que estava na hora de partir. Consegui colocar-me razoavelmente na grande coluna de quase 1.200 atletas, começando a prova em bom ritmo. O primeiro quilómetro foi percorrido em cerca de 3:50. Ainda com as baterias em alta fazemos a primeira subida em direcção à Rua Costa Cabral.
Nesta fase o ritmo baixa e o segundo quilómetro já é feito num ritmo superior a 4:00. Chegados a Costa Cabral começa a parte mais fácil da prova, sempre em percurso plano ou a descer (Constituição e Serpa Pinto). Nesta fase amealhei alguns segundos face à média de 4:00/Km. Sentia-me bem e a controlar as coisas sem forçar muito, pois sabia que a segunda parte da prova seria bem mais difícil.
Depois de descer Serpa Pinto começamos a subir, altura em que voltei a ritmos acima dos 4:00/Km. Com o tempo amealhado na parte mais fácil consegui passar aos cinco quilómetros com 20 minutos certos, o que era bem positivo.
Fui resistindo o melhor que pude até chegar a Vale Formoso, altura em que o terreno volta a ser mais fácil (desce e depois fica plano por um bom pedaço). Nesta fase voltei a andar abaixo dos 4:00/Km, tendo conseguido chegar aos oito quilómetros de prova com 32:15. Se conseguisse fazer os dois últimos quilómetros em bom ritmo, ainda poderia dar para baixar dos ambicinados quarenta minutos, pensava eu para me animar.

A verdade é que a cerca de 1,5 Km da meta comecei a sentir uma ligeira dor de burro que foi aumentando de intensidade à medida que ia avançando. O nono quilómetro já foi corrido em 4:08 e o décimo, que incluia a cruel subida da Rua Manuel Laranjeira, foi feito nuns miseráveis 4:38, o que me levou a perder algumas posições.
No final o meu relógio indicava o tempo de 41:33 para 10.130 metros de corrida. A organização creditou-me com 41:42, o que me coloca em 294º lugar da classificação geral e em 111º do meu escalão etário.

O meu balanço final é bastante positivo. Sinto que fiz uma boa prova e o resultado alcançado mostra que estou bem próximo da melhor forma que atingi antes de ter parado. Acredito que, com mais alguns treinos, poderei vir a conseguir baixar dos quarenta minutos!

Friday 4 December 2009

A estreia na maratona de Maria Buinen


Via jornal i tomei conhecimento da estreia de Maria Buinen em corridas de maratona. Irá acontecer no próximo domingo na Maratona de Lisboa. Para os curiosos, aqui fica esta bela história:


No Norte da Guiné-Bissau, encostada à fronteira com o Senegal, fica a povoação de Maria Buinen. A aldeia Suzana, na região de São Domingos, fica longe de tudo. Fica longe da água e longe da lenha que ela carrega à cabeça para cozinhar, dar de beber aos animais e toda a família tomar banho. Maria faz três viagens por dia e demora cinco horas para percorrer 40 quilómetros. E ontem a sua caminhada foi ainda maior - deixou os seis filhos, o marido e os três netos, apanhou o avião e aterrou em Lisboa.

A guineense saiu de Suzana pela primeira vez para participar na Maratona de Lisboa. A prova acontece no domingo e tem a mesma distância que ela faz todos os dias. Leva portanto alguns pontos de vantagem, mas ganhar não é o objectivo. Maria quer mostrar o que fazem as mulheres da sua aldeia para terem água potável e fogão aceso (ver caixa).

Do nascer ao pôr do Sol, cada tarefa tem o seu tempo e todos os trabalhos estão entregues às mulheres de Suzana. "Umas procuram lenha, outras guardam os campos e outras estão nas colheitas", conta a guineense de 45 anos. Até ao fim de Dezembro, Maria vai vigiar os arrozais. Acorda às cinco da manhã para afugentar os pássaros que comem as sementeiras e é só ao início da tarde vai buscar a água para preparar o almoço da família. São nove quilómetros para encontrar o poço de água potável mais próximo. O caminho de ida e volta repete-se outras duas vezes até conseguir juntar um alguidar cheio de lenha e ainda mais 40 litros de água que ela usa nas outras tarefas domésticas.

As crianças de Suzana também trabalham. Quase tanto como as mulheres. Alcénia é a neta mais velha de Maria, tem oito anos e vai buscar água e lenha quando a avó está no campo: "No tempo das nossas mães não era preciso pôr as crianças a trabalhar tão cedo." Só que antes havia muita chuva e muito arroz: "Antigamente, a colheita durava três meses e agora é só um."

O arroz é a base da alimentação de toda a comunidade e a chuva assegura a sobrevivência da aldeia: "Este ano tudo correu mal", queixa-se a guineense. Caiu pouca chuva, os bichos atacaram o arrozal, a sementeira teve de ser transplantada três vezes e a colheita é feita com muito cuidado para evitar desperdícios: "Um pé de cada vez, cortado à faca, para os bagos não fugirem." Mesmo assim, o arroz só vai chegar para alimentar os habitantes de Suzana durante quatro meses: "E depois acabou."

Quando faltar o arroz, Maria e outras mulheres da povoação de São Domingos vão passar a viver das palmeiras. O fruto é usado para fazer vinho e o óleo de palma que mais tarde será vendido nos mercados da fronteira senegalesa: "É o dinheiro da venda que nos vai sustentar o resto do tempo." Serve para comprar o arroz, para "tratar das doenças" e, se sobrar, para os filhos e os netos continuarem na escola.

A maratona de Maria Buinen não tem meta para cortar. Ela corre todos os dias e, nas últimas semanas, corre ainda mais porque está a treinar para a prova de domingo. Tem ténis novos e quer estar preparada para competir ao lado dos atletas: "É que eu nunca fiz isso."



Boa sorte Maria!

Kaká com pubalgia


Kaká, um dos jogadores de futebol mais bem pagos do mundo e já eleito por mais do que uma vez como o melhor de entre os melhores, sofre de uma pubalgia.

Que uma-espécie-de-atleta como eu apanhe uma pubalgia por treinar mal, ainda se compreende. Agora, que um jogador profissional do calibre de Kaká, inserido em equipas de topo, com preparadores físicos permanentemente a acompanhá-lo e orientá-lo, que custa muitos milhões de euros por mês aos seus patrões, parece-me, no mínimo, estranho.

Neste caso será que devemos falar de uma lesão ou de um caso de negligência?

Thursday 3 December 2009

52ª Volta a Paranhos


No próximo dia 8 de Dezembro vai realizar-se a 52ª edição da Volta a Paranhos, uma prova que decorre sob a égide da Secção de Atletismo do Sport Comércio e Salgueiros e organizada pelo Spiridon Clube de Vila Nova de Gaia.

Se nada de anormal acontecer até lá, conto apresentar-me à partida desta prova, fazendo assim a minha estreia na mais antiga corrida de estrada que se disputa na cidade do Porto. No ano passado, apesar de inscrito, acabei por não poder correr devido a questões de saúde.

Tendo estudado a dois passos do velho Estádio Vidal Pinheiro, na Faculdade de Economia do Porto, tenho um especial afecto por aquela zona da cidade, razão pela qual será um enorme prazer correr esta prova!

Wednesday 2 December 2009

Jorge Lopes


Soube-se ontem do desaparecimento de Jorge Lopes, jornalista da RTP especializado em atletismo. Como admirador do seu trabalho, lamento esta perda do jornalismo português e, de alguma forma, do atletismo nacional.

Desde há muitos anos que um dos meus passatempos preferidos é assistir às transmissões televisivas de atletismo, nomeadamente Jogos Olímpicos, Campeonatos da Europa e do Mundo. Desde sempre que a voz de Jorge Lopes, com o seu conhecimento profundo da modalidade, seja dos protagonistas seja em termos técnicos, era um fantástico complemento às imagens que nos iam chegando, enriquecendo-as imensamente.

Enquanto telespectador quero deixar-lhe aqui o meu tributo, desejando paz à sua alma.
 
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