Thursday 18 November 2010

A minha Maratona do Porto

Depois de muitos dias, cá me decidi a deixar um testemunho do que foi a minha Maratona do Porto.

Os momentos vividos antes da maratona foram muito agradáveis. A expo maratona estava muito bem organizada e apelativa, com vários e interessantes stands. Fiz questão de ir à pasta party com o óbvio objectivo de encontrar alguns amigos e conviver um pouco com eles. Há tanta gente que encontramos nas provas mas com quem não conseguimos mais do que trocar as habituais palavras de cumprimentos. A expo maratona, com as condições que o Palácio de Cristal permite, é um excelente momento para isso! Encontrei o Andrade, o Adelino, o Mota, o Veloso, o António, o Vitor entre muitos outros. Gostei bastante desta parte da maratona.

No dia da prova tinha, este ano, um apoio adicional. O meu amigo João Fernandes, por não estar em condições de correr a maratona, decidiu acompanhá-la de bicileta, propondo-se a seguir-me durante grande parte do tempo. Foi um apoio excelente.

Como habitualmente acontece, deixei tudo preparado de véspera para que no dia da grande prova não houvesse o menor stress. Tudo correu conforme previsto e estava no Porto a tempo e horas. Antes da prova procurei por alguns amigos, mas a chuva que estava a cair fez com que as pessoas se concentrassem em locais abrigados, pelo que poucos consegui saudar. Procurava especialmente o Ricardo, que vindo dos Açores e correndo para objectivos idênticos aos meus, seria, certamente, uma excelente companhia. Infelizmente, só o viria a encontrar na passagem pela meia maratona, na Afurada, vinha ele um pouco atrás de mim.

No momento da partida, não consigo explicar bem porquê, tive um momento de alguma emoção que me surpreendeu. Foi depois do vídeo que foi projectado e a poucos minutos de começarmos. Não sei o que me aconteceu, mas será certamente por momentos daqueles que as maratonas são únicas nas nossas vidas. Sá mágicas. São diferentes de tudo o resto. Fazem-nos diferentes. Fazendo-nos sentir coisas novas.

Ao tiro de partida, lá avanço eu. Parti junto dos atletas do Rompe Solas, um simpático clube da minha terra, no qual tenho bons amigos. No início avançamos juntos. Já na rotunda da Boavista apanhamos o Francisco Lobo do PortoRunners, médico que trabalha comigo e de quem me tornei amigo a propósito desta coisa das coridas. Estava aí formado o meu primeiro grupo de corrida: eu, o João do Rompe Solas e o Francisco Lobo. Andamos sempre juntos (havia mais alguns que iam e vinham) até à meia maratona. Apesar das minhas (boas) intenções de correr a ritmos superiores a 4:45/km (o ideal seria andar a 4:50/km), a verdade é que não soube ser disciplinado. Algum excesso de confiança, o perfil traiçoeiro dos primeiros 10 km e o espírito "maria-vai-com-as-outras" fez com que me fosse deixando andar a ritmos que eu sabia serem demasiado elevados. A passagem aos 10 km aconteceu com cerca de 46 minutos!

Apesar da consciência de que estava a andar demasiado rápido, não fiz nada para contrariar isso. Aliás, durante esta fase ouvia alguns atletas que corriam ao nosso lado falar dos seus objectivos, havendo vários a referir que pretendiam terminar na casa das 3h15m. Apesar de saber que não era esse o meu campeonato, fui-me deixando levar. Que estúpido que fui!

Na passagem à meia maratona o relógio marcava 1h38m. Nessa altura o Francisco Lobo adiantou-se ligeiramente a nós e continuei com o João. Deixamo-nos ficar. O ritmo, nessa altura, já estava a baixar ligeiramente. Rolavamos acima dos 4:45/km e, apesar de ainda não haver dificuldades, eu pressentia que o "filme" do ano anterior poderia estar a preparar-se para ser repetido.

Depois de passar a ponte D. Luis e na ida ao Freixo fiquei com essa certeza. Foi nessa fase que fiz o meu primeiro quilómetro acima dos 5:00 e interiormente fiquei com a certeza de que iria passar muitas dificuldades. Apesar disso, lá continuei, com o João sempre ao meu lado, a rolar num ritrmo constante e quase sempre abaixo dos 5:00/km.

Nessa altura chegamos mesmo a apanhar novamente o Francisco Lobo, o que nos deu alguma moral. Fomos assim até passar o túnel da Ribeira. Foi depois disso que comecei, verdadeiramente, a sentir dificuldades. O ritmo voltou a cair mais um pouco. Os quilómetros já eram todos feitos acima de 5:00, embora ainda sem ultrapassar muito essa velocidade. É já perto da Alfândega que o Ricardo passa por com uma passada excelente. Fiquei contente por ele, e a desejar ter aquela frescura.

Embora com custo, ainda consegui rolar razoavelmente até ao 35km. Depois foi o descalabro. As pernas estavam cada vez mais pesadas e o meu ritmo caia a cada passada. Com grande sentido de solidariedade, o João não me largava e incentivava-me constantemente. Dizia-me que iamos bem aquele ritmo e que o iriamos conseguir aguentar desde que não aumentassemos a passada. Eu não dizia nada, mas pensava para mim próprio que, mesmo que quisesse, não conseguia manter, quanto mais aumentar! O João foi assim durante bastante tempo, mas a certa altura reduzi tanto ao ritmo que ele lá se foi. Fiquei sozinho, apenas com a companhia do João Fernandes que, de bicicleta, sofria tanto como eu. Apesar dos incentivos constantes e de ele não dizer nada sobre o que via no meu rosto, percebi que ele estava "angustiado" de me ver "caír" daquela forma. Nessa altura sentia um peso cada vez maior nas minhas pernas. As sensações eram as mesmas porque que tinha passado há um ano, só que em dose agravada e numa fase mais precoce da prova. Os quilómetros eram cada vez mais lentos. Depois de cair para 6:00/km passei para 7:00/km, para 8:00/km, para 9:00/Km até que em plena Avenida do Brasil parei. Tinha acabado de passar pela minha mulher e pelos meus filhos, que me tinham ido ver (que triste que eu fiquei por me ter "apresentado" naquele miserável estado) e caminhei por instantes. Fiz as minhas contas e, como ainda estava com um tempo razoável, decidi que iria tentar descansar um pouco para depois retomar a corrida o melhor que pudesse. O objectivo era apenas o de chegar ao fim, fosse de que forma fosse, fosse no tempo que fosse.

Ao meu lado o João Fernandes incentivava-me mas eu, por mais que tentasse, não conseguia reagir. As pernas estavam em estado cada vez pior. Pela primeira vez desde que corro, senti caimbras. Tentei alongar um pouco e retomar a corrida. Fi-lo durante mais uns metros, mas tive de parar novamente. Sentia-me cada vez pior. As dores nas pernas eram cada vez mais intensas e comecei a sentir um mal estar que se alastrava a todo o corpo. Passei o cartaz dos 39 Km e pensava que só faltavam 3! Mas o meu corpo dizia que ainda faltavam mais 3! Eu pensava que a maratona também era uma prova de sofrimento e tentava seguir. O meu corpo não ajudava nada. Estava neste confronto quando vejo a ambulância da Cruz Vermelha na Rotunda do Castelo do Queijo. Olhei para eles e tentei passá-los. Se o fizesse, teria de chegar ao fim. Tinha de resistir à "tentação" de me dirigir à ambulância, pensava.

Estava nesta luta interior quando nova caimbra me ataca. Olhei para o relógio e tinham passado 3h26m desde que tinha começado. Estava a menos de 3 km da meta, mas sentia que não ia conseguir. Com grande tristeza, tive que admitir a minha incapacidade. Parei o relógio e dirigi-me aos voluntários da Cruz Vermelha a pedir ajuda. Custou-me muito, mas pareceu-me que era a decisão mais sensata.

Sem meios para me socorrer, transportaram-me, alguns minutos depois, para a tenda de campanha que estava instalada junto à meta, onde me administraram um injectável que ajudou à minha recuperação. Essa curta viagem foi tremendamente dolorosa. As dores nos musculos das pernas eram terríveis. Tal como me tinha acontecido no ano anterior (embora nessa altura tenha sido depois de cortar a linha de meta), passei muito mal durante estes momentos.

Como disse no post anterior, foi mau. Foi um dia mau. Fiquei triste, mas não vou desanimar e, muito menos desistir. Vou procurar recuperar o mais rapidamente (nos últimos dias apareceu-me uma tendinite) e começar a treinar para uma nova maratona. Ainda não sei qual será nem quando será, mas vou tentar que seja no primeiro semestre de 2011.

Vou mudar algumas coisas e tentar treinar melhor. Só quando me sentir em condições de fazer a maratona, sabendo que conseguirei acabar bem é que escolherei a prova. Sei que vou conseguir.

Antes de terminar, quero agradecer ao João Fernandes a companhia que me fez nesta aventura. Quero também agradecer ao João (do Rompe Solas) a excelente companhia e a solidariedade que teve comigo nos meus piores momentos. Muito obrigado. Quero ainda agradecer a todos os que me telefonaram e se solidarizaram comigo neste momento.

Muito, muito obrigado a todos!

Monday 8 November 2010

7ª Maratona do Porto - Um mau dia

Ontem foi um mau dia. Completamente exausto, fui forçado a abandonar a prova pouco depois da placa dos 39 km, tendo tido necessidade de ser asssitido pelos voluntários da Cruz Vermelha para combater a terríveis dores musculares que sentia.

Nos próximos dias, com mais calma, voltarei ao assunto para descrever a prova!

ADENDA - Hoje o treino consistiu em 30 minutos de corrida fácil e alongamentos.

Friday 5 November 2010

As minhas maratonas

Fiz até agora duas maratonas. A do Porto em 2008 e a do Porto em 2009. Os meus registos são os seguintes:

5ª Maratona do Porto - Ano 2008 - 3h38m34s
6ª Maratona do Porto - Ano 2009 - 3h32m24s

Em ambas as provas falhei o objectivo de baixar das 3h30m, apesar tenha havido uma evolução positiva.

Da primeira recordo essencialmente o quão fantástico foi cortar a meta e sentir que tinha conseguido alcançar um objectivo com qual tanto tinha sonhado. Foi, sem quaisquer dúvidas, um dos melhores momentos da minha vida.

Da segunda guardo a satisfação de a ter concluído e, com isso, provar que tinha ultrapassado uma arreliadora lesão que me tinha apoquentado na primeira metado do ano. Para além disso, não posso esquecer a penosa ponta final, na qual acabei por perder as hipóteses de baixar das ambicionadas 3h30m e, pior do que isso, os momentos difíceis que passei na assistência médica.

No domingo espero continuar a melhorar a performance, não esquecendo que, antes disso, o mais importante é acabar e acabar em boas condições físicas.

Thursday 4 November 2010

A minha 3ª Maratona - O antes

Estamos a escassos 3 dias da Maratona do Porto, a terceira prova da distância que irei fazer. Especialmente para os meus amigos que aqui aparecem sempre, que me apoiam e costumam aparecer aqui para espreitar o "andamento" das minhas corridas, quero deixar algumas palavras sobre o meu estado de espírito sobre a prova de domingo.

Em primeiro lugar, sinto que, atendendo às grandes limitações de tempo que actualmente tenho, fiz uma boa preparação. Aliás, se antes do início deste ciclo tivesse parado um pouco para pensar sobre o que iria ser possível, dificilmente poderia esperar conseguir treinar mais.

Para além disso, acho que fiz uma preparação bastante razoável. Foram cerca de 700 km em 3 meses. Ao contrário das anteriores maratonas, não fiz tantos treinos de séries, mas fiz mais alguns treinos longos. Ao longo deste período apercebi-me claramente da subida de forma. Não me parece que esteja ao melhor nível do que já alcancei (pelo menos em termos de velocidade), mas acho que estou bem.

Sendo a terceira vez que me aventuro nesta distância, ainda para mais, sempre no mesmo percurso, sinto hoje uma tranquilidade nada comparável com a que vivi nos dias que antecederam a estreia. Julgo que é natural que assim seja. Mais, sinto que essa tranquilidade, aliada à experiência acumulada me ajudarão a fazer uma melhor gestão da prova.

Perante isto, o que esperar? Não sei. Acho mesmo que numa maratona ninguém consegue prever com muita certeza o que irá acontecer. No entanto, aquilo que eu gostaria que acontecesse, por ordem de prioridades, era o seguinte:
. Chegar ao fim;
. Chegar em boas condições físicas;
. Chegar antes do relógio marcar 3h30m;
. Desfrutar de dois dias (pasta party e maratona) bem passados e revendo muitos amigos que encontro poucas vezes.

Sinceramente, estou animado!

Wednesday 3 November 2010

Balanço do 3º mês de preparação

O tempo para postar (e mesmo para treinar tanto quanto gostaria) tem sido muito pouco, pelo que a actualização deste espaço tem sido pouco regular. A quem cá tem vindo sem ter novidades, as minhas desculpas.

Relativamente ao mês de Outubro, considero que foi um mês positivo, embora com muito menos treinos do que seria desejável, especialmente nas duas semanas do meio do mês. De qualquer forma as sensações que tive ao longo do mês foram razoavelmente boas, pelo que chego ao final de Outubro com algum optimismo.

Tal como habitualmente, aqui fica um breve resumo do que foi feito:

- Nº. de treinos: 15 (inclui 1 competição)
- Treino sem corrida (Prova de Duatlo que incluiu BTT e Canoagem): 1
- Nº. de dias de descanso: 15
- Nº. de Km percorridos: 204,65 Km
- Nº. de treinos longos: 2
- Tempo de corrida: 16h 16m 50s
- Tempo médio por Km: 4m 46s
- Treino mais longo: 31,2 Km (10,1 km + 21,1 Km em competição)
- Treino mais curto: 10 Km
 
Free counter and web stats