Wednesday 31 October 2012

A minha Maratona do Porto

A participação numa maratona constitui-se sempre como um projecto que requer uma preparação aturada e uma grande focalização. No meu caso particular, que passo por uma fase em que o tempo disponível é muito escasso, a decisão de fazer a maratona foi devidamente ponderada e, uma vez tomada, levou-me a recomeçar a correr com uma periodicidade muito maior do que estava a fazer. Só para terem uma ideia, no total dos primeiros 6 meses do ano não deverei ter corrido muito mais de 300 km…


Como já aqui referi, a preparação correu muito bem. Consegui a motivação suficiente para treinar o volume suficiente para fazer uma boa prova (à minha dimensão, como é óbvio) e sentia-me, por isso, bastante confiante.

Os meus objectivos para esta prova, por ordem decrescente de importância, eram:
- Acabar;
- Acabar bem;
- Fazer a segunda metade mais rápido do que a primeira;
- Conseguir quebrar a barreira das 3h30m.

Para isso defini o seguinte plano de prova:
- Correr os primeiros 15 km à média de 5:15/km;
- Correr à média de 5:00/km entre o 15º e o 25º km;
- Correr à média de 4.45/km a partir do 25º km.

Se conseguisse cumprir este plano tinha a certeza de conseguir alcançar todos os meus objectivos, embora tivesse a noção de que não seria fácil.

Vamos então à prova propriamente dita. Acordei cedo e fui parra o Porto com o meu irmão, que este ano me deu apoio durante a prova, fazendo todo o percurso de bicicleta. Foi uma excelente ajuda!

Logo ao sair de casa constatei que o dia, apesar de estar bonito, nos traria algo pouco agradável: vento. Na verdade, a combinação do frio matinal que já se sente nesta altura do ano com o vento que soprava era uma combinação nada agradável e que, para quem se estava a preparar para correr uma maratona junto à costa, assustava um pouco.

Fiz os últimos preparativos na zona da meta, altura em que cumprimentei alguns amigos (falarei disso noutro post). Quando soou o tiro de partida comecei a minha prova dentro do que tinha definido. Parti ao lado do Fernando Andrade, que me tinha dito no início que não ficaria triste se acabasse até ao tempo de 3h45m, dizendo-me que contava passar à meia maratona em 1h50m, exactamente o meu plano. Lá arranquei com ele, fazendo ao seu lado a subida da Rua Júlio Dinis. Cedo percebo que o Fernando não iria cumprir os seus desejos, pois começou a imprimir um ritmo bem mais rápido.

Determinado em seguir o meu plano à risca, deixei-o ir. Encontro no meio do pelotão o treinador de futebol Domingos Paciência, que seguia ao mesmo ritmo que eu. Deixei-me ir ao seu lado durante alguns metros, mas logo que chegamos à Avenida da Boavista e a estrada começou a descer, ele aumentou o ritmo e, mais uma vez, deixo-o ir e continuo no meu ritmo.

Mesmo com estes cuidados, o primeiro quilómetro foi cumprido em 5:05 e o segundo em 4:55. Insatisfeito comigo próprio, coloco o “pé no travão” e tento ir um pouco mais lento. Nessa altura passa por mim o meu amigo João Andrade, do Rompe Solas, que há dois anos fora incansável no apoio que me deu quando estava em dificuldades. O João estava confiante e disse-lhe que iria andar “devagar”, pelo que também o deixei seguir o seu caminho. O terceiro quilómetro é percorrido a 5:00, ainda assim um pouco mais rápido do que o desejado.

Ao passar em frente ao Estádio do Bessa passa por mim o João Meixedo, que segue também num ritmo mais rápido do que o meu. Saúdo-o e digo-lhe, em jeito de brincadeira, para seguir, que o apanharia mais tarde. Pouco depois disso passa por mim o balão das 3h30m, que seguia com um grande grupo de atletas atrás. Deixei-os passar e continuei no meu ritmo. O quarto quilómetro foi cumprido em 5:09, o quinto em 5:08 e o sexto em 5:02.

Apesar da forte inclinação da descida da Boavista, estava a conseguir controlar razoavelmente o andamento, cumprindo assim o objectivo predefinido. Depois da chegada ao Castelo do queijo e com o percurso a ficar plano, fica mais “fácil” seguir exactamente ao ritmo pré-definido. O sétimo quilómetro já é feito em 5:11, o oitavo em 5:16 e o nono em 5:15.

Entre o nono e o décimo tomo a primeira dose de gel, que o meu irmão me entrega. Nesta fase estamos a percorrer a novidade do percurso, nas ruas de Matosinhos. É um percurso que se faz com facilidade, com a excepção do regresso ao Porto, em que sentimos pela primeira vez os efeitos do vento.

Tendo partido bem na frente, a sensação mais forte que tive nesta primeira fase foi a de me sentir a ser ultrapassado por muitas centenas de atletas. A maior parte seria da Family Race, mas também muito eram maratonistas e julgo que nesta fase da prova não terei ultrapassado ninguém. Com aquilo que classifico de “pensamento de maratonista”, não me preocupava nada com essa torrente de gente que me passava, pois sabia que, na hora da verdade, os papeis iriam inverter-se. Afinal, também eu já tinha feito o papel de muitos desess…

Ao passar no Castelo do Queijo dá-se a separação das “espécies”: maratonistas para a direita e os outros (a malta da Family Race) para a esquerda. Esse momento é sempre marcante e transmite-nos uma saudável sensação de maioridade no mundo da corrida.

O décimo quilómetro cumpre-se em 5:12 o que dá um total de 51m09s para os primeiros 10. Era um pouco mais rápido do que o planeado, mas sempre havia a descida da Boavista para justificar o “incumprimento”, que não me preocupava nada, pois sentia-se muito bem. Nesta fase o vento ia fazendo os seus estragos. O decimo primeiro quilómetro foi cumprido em 5:18, o decimo segundo em 5:10 e o decimo terceiro em 5:16.

Apesar da longa coluna de maratonistas, nunca tive, ao longo de toda a prova, nenhum grupo ou sequer atleta singular que me acompanhasse por muito tempo. Creio que nunca deverei ter seguido mais do que um quilómetro na companhia de ninguém em especial, o que se fica a dever ao facto de ter um plano bem definido a cumprir. Fruto da forte ventania que se sentia de forma especial entre o Passeio Alegre e a Ponte da Arrábida, o decimo quarto quilómetro foi cumprido em 5:19, o decimo quinto em 5:20 e o decimo sexto em 5:16.

Fruto do vento percebi duas coisas. Por um lado houve alguns quilómetros em que tive de despender um pouco mais de esforço do que o esperado para cumprir o plano e por outro não me foi possível baixar o ritmo depois dos 15 km conforme estava previsto. O décimo sétimo foi cumprido em 5:12 e o decimo oitavo, altura em que ingeri o segundo gel, foi feito em 5:24, acabando por ser o pior de toda a prova. A pequena folga que tinha conquistado na descida da Boavista já estava gasta. O décimo nono quilómetro foi cumprido em 5:21 e o vigésimo em 5:19. Já levava 1h44m04 de corrida, o que dá um segundo parcial de 10 km em 52m55s o que confirma os fortes estragos causados pelo vento.

O vigésimo primeiro quilómetro foi cumprido em 5:12 para uma passagem à meia maratona com cerca de 1h49m30s, totalmente dentro dos meus planos. Sentia-me muito bem e com a certeza de que não havia preocupações a ter com o desgaste da primeira metade da prova.

A segunda novidade do percurso, com a passagem pelo coração da Ribeira e a Praça do Cubo animava-me bastante, pois introduzia ainda mais um pouco do pitoresco do Porto na prova. Recordo-me de fazer a subida da Ribeira para a Ponte D. Luís, uma rampa curta, mas muito inclinada, em plena aceleração, tal era a minha confiança nesta fase. O vigésimo segundo quilómetro foi cumprido em 5:14.

A partir do vigésimo terceiro quilómetro, e já sem o efeito do vento, consigo finalmente fazer o aumento de ritmo que tinha planeado. Fi-lo em 5:02 e o vigésimo quarto já é cumprido em 4:46. Estávamos a caminho da Afurada e nesta altura começo a fazer aquilo que já vislumbrava na fase inicial: a ultrapassar mitos atletas que seguiam à minha frente. Tive essa noção de forma muito real em todo o percurso realizado em solo Gaiense. O vigésimo quinto quilometro e o vigésimo sexto foram feitos em 4:52 e o vigésimo sétimo em 4:53. Estava eu a chegar à Afurada e vejo o João Meixedo já de regresso à Ribeira de Gaia, embora a curta distância. Percebi que ia em quebra rapidamente o comprovei, pois não demorou muito a que o tivesse alcançado. Afinal, a brincadeira tinha-se concretizado, a consegui mesmo apanhá-lo!

O vento que se fazia sentir voltou a incomodar bastante no regresso da Afurada, pelo que o quilómetro vinte e oito e vinte e nove foram cumpridos em 4:58 e o trinta em 5:00. Nesta fase levava 2h33m51s de prova e o terceiro parcial de 10 km tinha sido cumprido em 49m45s, um pouco abaixo do desejado. Já tinha tomado o meu terceiro gel e sentia-me bem. Continuava em bom ritmo, a ultrapassar muita gente e mantinha a confiança de que iria acabar bem, embora já tivesse a noção de que seria praticamente impossível acabar com um tempo sub 3h30m. Era um pequeno revés, mas que não me desanimou nada, pois as sensações de corrida eram muito boas.

Depois da Ponte D. Luís temos de fazer uma pequena incursão em direcção ao Freixo para, finalmente, começarmos a correr em direcção à meta. É com essa a força mental transmitida por essa sensação de já estar perto do fim, que faço o trigésimo primeiro quilómetro em 4:51, o trigésimo segundo em 4:57 e o trigésimo terceiro em 4:53. O trigésimo quarto é feito em 4:40 (talvez haja o efeito do túnel da Ribeira no GPS) e o trigésimo quinto em 4:54. Já sentia algum desgaste, mas estava com força nas pernas e não tinha grandes dúvidas de que as coisas iam correr bem.

De há alguns metros a esta parte tinha no meu horizonte o João Andrade, que ficava cada vez mais perto à medida que a prova avançava. Percebi que também ele ia em quebra e, curiosamente, mais ou menos no mesmo local em que, há dois anos atrás, tive de o deixar ir, passei por ele e continuei no meu ritmo em direcção á meta.
Tinha pedido ao meu irmão que me entregasse o último gel entre os 34 e os 35, mas por alguma razão, ele não estava lá, só mo entregando já depois do trigésimo sexto, que foi cumprido em 4:55. O trigésimo sétimo foi cumprido em 4:56 e senti-me um pouco mal do estômago com a toma do último gel, que nem sequer tomei todo. Não sei se por causa disso, mas comecei a sentir dor de burro, o que me incomodou um pouco. Com esforço continuo a marca, conseguindo fazer o trigésimo oitavo quilómetro em 4:57. A dor não desaparece e comprimo a zona abdominal com a mão para tentar aliviar um pouco. O meu irmão diz-me que já se nota que a passada não vai tão solta e só me lembro de lhe responder que já não comandava a máquina: corria em piloto automático e as pernas eram como autómatos que faziam aquilo para o qual estavam programadas!

Era, finalmente, o sinal de uma pequena quebra. Apesar de continuar a ultrapassar muitos, o trigésimo nono já foi cumprido em 5:11 e o quadragésimo em 5:14. Estava com 3h23m18s de prova, o que dá um quarto parcial de 10 km em 49m27s. Estive quase 2 minutos abaixo de pretendido inicialmente, o que não deixa de ser excelente.

Estávamos a chegar novamente ao Castelo do Queijo e a distância para a glória já só dependia da subida da Avenida da Boavista. Apesar da quebra, sentia-me com força para esse pequeno trajecto. Tinha acabado de passar o Luís Sousa Pires, Porto Runners, um conhecido elemento do pelotão maratonista nacional, que seguia visivelmente perturbado por um problema físico. Durante a subida da Avenida da Boavista acabo por passar ainda o Virgílio, do Rompe Solas, um simpático atleta que, aos 58 anos de vida se estreou na maratona. Cheguei a vê-lo à frente do balão das 3:15 a meio da prova, mas também ele pagou o esforço inicial e acabou alguns metros atrás de mim.

O quadragésimo primeiro quilómetro foi cumprido em 5:16 e o quadragésimo segundo em 5:17. Nesta fase os incentivos de quem está junto á meta eram muitos e parece que ganhamos algumas energias extra para galgar os metros finais. Entro na curva que dá acesso ao tapete vermelho da meta e aumento o ritmo como que esboçando um sprint. A minha frente seguia alguém que estava a terminar com os filhos pela mão e sinto que não se justifica o sprint. Espero pela minha vez de cruzar a linha de meta e com o braços no ar, por ter cumprido mais um objectivo, cruzo a linha final e sagro-me maratonista pela quinta vez. O relógio da organização marca 3h35m53s (tempo líquido de 3h35m49s). É a quarta maratona concluída na cidade do Porto e aquela que acabei melhor.

Depois desta prova sinto que já sei dominar a maratona. Sei o que fazer para a preparar e sei como me comportar para a fazer sem sacrifícios desnecessários e potenciando as minhas capacidades do momento.

Custou um pouco mas valeu. Aliás, não me posso queixar de não ter sido avisado, mas nestas coisas somos como as crianças. Aprender requer experimentar e as “cabaçadas na parede” fazem parte de qualquer curva de aprendizagem.

Sunday 28 October 2012

Maratona do Porto - O resultado!

Completei hoje a minha 5ª maratona. Foi na Maratona do Porto, onde consegui fazer a prova em 3h35m50s. Darei mais pornemores nos próximos dias, mas deixo-vos já a minha enorme satisfação pelo resultado alcançado e pelo cumprimento rigoroso do plano de prova que tinha definido.
Foi bom! Muito bom!

Friday 26 October 2012

Maratona do Porto - Preparação concluída!

Concluí hoje a minha preparação para a Maratona do Porto do próximo domingo. A partir deste momento, só voltarei a calçar as sapatilhas quando for para correr a prova!

Em termos de números posso resumir a preparação desta forma:

Primeiro treino: 31/07/2012
Último treino: 26/10/2012

Nº. de treinos: 65
Quilómetros percorridos: 877,9
Nº de treinos com mais de 20 km: 12
Nº de treinos com 30 ou mais km: 4

Peso actual: 81 kg

O balanço global da preparação é muito positivo. O plano de treinos foi delineado de forma a garantir um crescendo gradual de forma e hoje sinto-me muito bem e confiante para a prova. Veremos se consigo gerir bem o esforço e se, no dia, tudo sai conforme os planos.

Thursday 25 October 2012

Dorsal 65

Nota: A data de nascimento está errada... Não é por muitos dias, mas está!

Wednesday 24 October 2012

Uma hora de bónus!

Na noite de 27 para 28 de Outubro, ou seja, na noite anterior à Maratona do Porto, haverá alteração da hora legal. Os relógios serão atrasados uma hora para se aplicar a chamada hora de inverno.


Para quem vai fazer a Maratona do Porto na manhã do próximo domingo, isto é uma boa notícia. Significa que teremos a possibilidade de descansar por mais uma hora ou, eventualmente, tomar o pequeno almoço com um pouco mais de calma!

Tuesday 23 October 2012

Estado do tempo no dia da maratona

Pelos vistos vamos ter bom tempo no dia da Maratona do Porto. Que se cumpram as previsões e que seja mesmo um dia lindo... em todos os sentidos!

Monday 22 October 2012

Último teste para a maratona

Já falta menos de uma semana para a Maratona do Porto. É tempo de começar a fazer um balanço da preparação e de ultimar a estratégia para a prova.

No meu caso pessoal, creio que fiz uma boa preparação para esta maratona. Tendo começado apenas no dia 30 de Julho, vou chegar ao dia da prova com cerca de 65 treinos e quase 900 km percorridos. Segui um plano delineado por mim próprio, que privilegiou os treinos longos, sem esquecer algumas sessões de séries e farleks. Só não fiz rampas, que é uma coisa que não gosto mesmo nada!

O último treino longo que fiz, no dia 7 de Outubro, deixou-me duas sensações opostas. Por um lado, fiquei satisfeito por ter conseguido cumprir os 35 km previstos num tempo dentro daquilo que gostaria de conseguir fazer na maratona (à média de 5:00/km). No entanto, fiquei preocupado com a quebra que senti nos últimos 3 quilómetros e por ter acabado com a sensação de que, se tivesse de fazer os 7 km que faltavam para completar a maratona, não só não iria aguentar o mesmo andamento, como talvez sofresse bastante.

Desde esse dia que tenho andado com essa preocupação às voltas na minha cabeça e, depois do que me aconteceu nas edições de 2009 e 2010, decidi fazer ontem um último teste para a maratona. Assim, ao contrário do que estava inicialmente previsto, decidi repetir ontem o treino de 35 km, mas com uma estratégia completamente diferente.

Se no treino do início do mês a estratégia foi a de manter um ritmo constante desde o início, ontem a "táctica" era completamente diferente. Decidi que iria fazer a primeira metade do treino (17,5 km) à média de 6:00/km e a segunda metade à média de 5:00/km. No fundo aquilo que pretendia era testar a minha capacidade para chegar à fase crítica da maratona em boas condições e saber das minhas capacidades para manter um andamento forte no final da prova.

O resultado foi excelente! Completei o treino em 3h08m29s, cumprindo a média definida para a primeira metade e superando largamente a média pretendida para a segunda metade. Melhor do que isso, acabei o treino com a sensação de que conseguiria manter o ritmo por mais alguns quilómetros, talvez os suficientes para chegar aos 42 com força e em crescendo.


Já me disseram que foi um erro ter feito um treino tão longo a uma semana da maratona. Não sei se foi ou não, mas para mim este treino foi muito importante, pois permitiu-me ganhar mais confiança e deu-me a certeza de que tenho todas as condições para conseguir um resultado final muito mais interessante se dominar os ímpetos iniciais.

E já só faltam menos de 6 dias para a Maratona do Porto...

Thursday 18 October 2012

Maratona do Porto - O novo percurso

Só muito recentemente prestei a devida atenção a uma informação importante sobre a Maratona do Porto deste ano: a alteração do percurso.

Partido e chegando no mesmo local das edições anteriores, as mudanças são duas: a supressão quase total da ida à Ponte do Freixo depois do regresso da Afurada e a eliminação da necessidade de ir à rotunda da anémona em Matosinhos já perto do final da prova.

A ida ao Freixo iniciava-se pouco depois do quilómetro 25 e terminava com nova passagem em frente à Ponte D. Luis já com mais de 31 quilómetros de prova. Na nova versão há apenas a necessidade de se percorrerem alguns metros em direcção ao Freixo para logo retornar em direcção à meta. Pessoalmente, considero que esta era a parte mais desagradável do percurso, pelo que fico muito satisfeito que tenha desaparecido. Em termos psicológicos era difícil encarar aquela ida a Freixo, já que nos colocava a correr em direcção oposta à da meta quando as forças começavam a escassear. Por outro lado, esta era a parte menos bonita de todo o percurso e aquela em que havia menos público a assistir e apoiar os atletas. Finalmente, havia ainda, em algumas edições, a presença de vento contrário que acentuava o grau de dificuldade da progressão na fase crítica em que nos surgia.

Quanto à eliminação da ida à rotunda da anémona, depois de passarmos no Castelo do Queijo, ao quilómetro 39, trata-se de uma decisão muito feliz da organização. Numa altura em que as forças são mínimas e que já "cheira a meta", aquela apêndice do percurso, que nos obrigava a fazer um afastamento da linha de chegada era psicologicamente muito martirizante. Eram cerca de 500 a 600 metros para cada lado, mas custavam muito fazer...

Para compensar os troços que são eliminados, a organização decidiu levar a prova até Matosinhos, levando os atletas até à ponta da linha do Metro do Porto nesta cidade, junto à entrada do Porto de Leixões. Esta parte do percurso é praticamente toda plana e efectuada em piso de alcatrão com pequenissimas excepções em paralelo (nas rotundas e pouco mais). Ao substituir a ida ao Freixo, a organização garantiu a troca de um troço desabrigado e com pouco público por outro ligeiramente mais protegido e com maior potencial de presença de público. Veremos se este potencial se concretiza...

Em termos psicológicos para o atleta este percurso parece ser melhor. Com efeito, depois do retorno na Afurada (que deve acontecer por volta dos 26 km), o percurso é sempre feito em direcção à meta, com a excepção do pequeno apêndice em direcção ao Freixo que se mantém. Para quem vê no famoso "muro" dos 32 uma etapa de difícil superação, este percurso tem um símbolo que muitos sentirão: a curta mas desagradável subida do Cais de Gaia para a Ponte D. Luis, que este ano aparece exactamente nessa altura. Vão ver que este ano vai custar mais do que nos anos anteriores. Apesar disso, a grande vantagem psicológica deste percurso será sentida por todos quando estiverem a passar pelo Castelo do Queijo e puderem dirigir-se directamente para a meta, fazendo de imediato a pouco acentuda mas longa (e por isso difícil) subida da Avenida da Boavista.

De um modo geral, e vendo as coisas sob o ponto de vista teórico, acho que a organização mudou bem, porque mudou para melhor.   

Monday 15 October 2012

Grande Prémio 11 de Outubro

Disputou-se na noite do passado sábado o Grande Prémio de Atletismo 11 de Outubro, na cidade de S. João da Madeira. A prova é organizada pelos Serviços Sociais do Pessoal da Câmara local e contou com a presença de mais de meio milhar de atletas distribuidos pelos vários escalões.

Estando a caminho da Maratona do Porto, decidi participar nesta prova para fazer um pequeno teste. É uma prova muito curta (apenas 8 km), mas permitia-me ganhar mais algum ritmo competitivo, o que é uma das minhas grandes falhas este ano.

Quando lá cheguei rapidamente percebi que se tratava de uma prova com um perfil muito acidentado, bem do género que eu... não gosto! Para além de ser uma espécie de capital-não-oficial-das-rotundas, S. João da Madeira também tem bastantes subidas e descidas, conforme pude concluir!

Depois de um bom aquecimento, enquanto ia assistindo ao esforço dos mais jovens, posicionei-me na meta para a partida, resguardando-me no fim do pelotão. Ao tiro de partida lá avancei, precisando de alguns metros para poder correr com espaço suficiente.

Os primeiros metros eram sempre a descer. Ao fim de cerca de 400 metros invertiamos o sentido da marcha e começavamos uma longa subida de cerca de 1.000 metros. Logo que inverto reparo que o cordão da minha sapatilha esquerda estava a soltar-se. Ando mais uns metros e ele solta-se pelo que não me resta outra alternativa senão parar para o apertar. Que azelha!

Como estavamos no início, fui ultrapassado por imensa gente. Com o percurso sempre a empinar, vou tentando aguentar o melhor que posso, mas quando chego ao topo da subida o ritmo já era superior a 5:00/km. Depois desta fase o percurso fica plano por alguns metros antes de começar novamente a descer. Na parte plana consigo rolar na casa dos 4:10/km e quando se começa a descer, subo um pouco o andamento. No final da grande descida, e ainda antes de alcançar o terceiro quilómetro, começo a sentir novamente o cordão da mesma sapatilha a soltar-se. Nem acredito na minha idiotice, mas é mesmo verdade. Poucos metros depois ele solta-se mesmo e não há solução: nova paragem para o apertar e mais uma quebra de ritmo e perda de preciosos segundos.

Nessa fase o percurso é plano e consigo andar entre os 4:10 e os 4:20/km. Pouco depois fazemos novamente a grande subida. Vou aguentando razoavelmente e, ao contrário do que me costuma acontecer, não perco muitas posições. Sentia força nas pernas e por isso consegui que o ritmo não caísse tanto como seria de prever.

Depois de vencida essa subida o que faltava já era mais acessível, já que a maior parte era a descer ou plano, havendo apenas uma subida perto da chegada à meta. Recuperando na descida, consegui manter um bom ritmo na parte plana e ter força para, na subida final, perder poucas posições, que consegui despois recuperar no sprint final.

Acabei os 8,06km (medido no Garmin) em 34m47s, o que me deixou bastante satisfeito. Mais do que o tempo, gostei da sensação de força nas pernas que tive desde o início até ao fim.

Para além da moral incutida pelas boas sensações do corpo, esta prova teve uma coisa muito boa. Ajudou-me a estar muito alerta para apertar bem os cordões das sapatilhas antes da partida para a Maratona do Porto. Só por isso, creio que já teria valido a pena!

Friday 12 October 2012

A corrida está na moda

Num dos últimos fins de semana dois dos principais jornais escolheram para a capa das suas revistas de fim de semana o mesmo tema: a corrida. Um deles foi o semanário Expresso, que escolheu para a capa da sua conhecida revista o título "A febre da corrida", escrevendo como antetítulo a curiosa palavra "Tendência". A outra revista semanal foi a Notícias Magazine, que acompanha as edições dominicais dos diários Jornal de Notícias e Diário de Notícias, do grupo Global Notícias. Nesta revista o título era "A moda da corrida". 
Terá sido certamente uma coincidência, embora acredito que ambos soubessem que o tema estava a ser trabalhado pela concorrência, bastando para isso verificar que algumas das pessoas que deram testemunho sobre o tema o fizeram em ambas as revistas.
Este destaque que foi dado à corrida não acontece por acaso. Em primeiro lugar resulta da constatação de uma evidência: há cada vez mais pessoas a incluir a corrida nos seus hábitos de vida. Isso é bem visível nas nossas ruas, parques, florestas, ginásios, etc. Organizados em grupos de amigos ou clubes ou de forma singular, há hoje muitas mais pessoas a correr do que aquilo que viamos há uns anos atrás.
Em segundo lugar, a sociedade contemporânea está sempre à espera de novas "tendências". A elite que constroi essas tendências alimenta-se em parte da realidade mas também da vontade em definir aquilo que entendem útil à projecção de determinada imagem social perante os outros. Pelos vistos, neste momento eles acharam que a corrida é a nova "tendência" e por isso ditaram que a corrida está na moda. Vai daí, colocaram todos os seus meios em campo para promover adequadamente a corrida e, naturalmente, dar o devido relevo ao facto de eles próprios serem os vanguardistas que dão este belo exemplo à sociedade.
Em terceiro lugar, está naturalmente a componente económica associada ao tema. É muito curioso que ambas as reportagens façam destaque ao aparecimento da primeira loja dedicada exclusivamente à corrida que parece terá aberto na capital do país. Pessoalmente não tenho nada contra isso e até acho positivo que se estimulem as actividades económicas ligadas à corrida, sejam os serviços de quem organiza provas, o comércio de quem vende produtos aos atletas ou mesmo a produção desses produtos em fábricas (infelizmente muito poucos são produzidos no país...).
Para quem gosta da corrida e fica contente que haja mais gente a gostar da corrida, este destaque é positivo. Se houver mais gente a chegar à corrida porque gosta de acompanhar as "tendências" da sociedade, da moda e porque, neste momento "o que está a dar é correr", que assim seja.
Por isso mesmo, caros amigos, quando quisermos convencer alguém a deixar a vida sedentária, para além dos argumentos que tínhamos, já podemos acrescentar mais um: está na moda!


Nota final - Com tanta gente que se dedica à corrida, é (no mínimo) curioso que ambas as revistas - que, relembro, saíram para a rua no mesmo fim de semana - tenham escolhido fotografias da mesma pessoa para ilustrar o tema. No Expresso Andreia Vale aparecia sozinha a correr, enquanto que na Notícias Magazine a mesma Andreia Vale aparecia na companhia de Rita Ferro Rodrigues. De forma subliminar ficamos todos a saber que, no que à (moda da) corrida diz respeito, Andreia Vale é o farol que nos ilumina!

Nota finalíssima - Caro amigo Capela, vê lá se reclamas os direitos de autor à Notícias Magazine, já que plagiaram descaradamente o nome do teu blog para o título da reportagem!

Monday 8 October 2012

A caminho da Maratona do Porto

Depois do treino de ontem, sinto que terei praticamente "concluído" a minha preparação para a Maratona do Porto. Daqui até ao dia da prova irei reduzir paulatinamente a carga de treinos para chegar ao grande dia nas melhores condições possíveis.

Como referi aqui há algumas semanas, as últimas três semanas foram bastante importantes. Para além de ter elevado a carga de treinos, seja em número de quilómetros, seja em "treinos de qualidade", era importante avaliar a reacção do corpo ao esforço para poder definir a estratégia mais adequada para a prova.

O volume de treinos efectuado foi o seguinte:
3ª semana de Setembro: 73,6 km
4ª semana de Setembro: 98,1 km
1ª semana de Outubro: 83,6 km

Para que tivesse alcançado este volume treino, foram decisivos os treinos longos realizados:

- 30 km, no dia 23 de Setembro, à média de 5:13/km. Este treino decorreu num dia com bastante vento. Correndo eu num percurso do tipo "circuito", apanhei com ele em cerca de metade do percurso, sendo que os últimos quilómetros foram corridos com o vento de frente. Geri bem o esforço, fazendo a segunda metade mais rápida e acabei muito bem.

- 33,75 km, no dia 30 de Setembro, à média de 5:16/km. Foi um treino muito bem conseguido, tendo corrido a segunda metade mais rápida do que a primeira. Acabei sem sentir um grande desgaste físico.

- 35 km, no dia 7 de Outubro (ontem), à média de 5:03/km. Foi um treino corrido em bom ritmo, em que tinha a intenção de conseguir fazer uma média de 5:00/km. À parte os primeiros e os últimos 5 km, estive sempre dentro da média desejada. Apesar de ter sido um treino que dá boas indicações globais, fiquei algo preocupado com a quebra que senti nos últimos três quilómetros (5:25; 5:27 e 5:26) e com a sensação de cansaço muscular que senti nessa parte.

Depois disto o que fazer para a prova? Neste momento ainda não decidi, mas começo a ter a sensação de que talvez seja arriscado começar a prova a pensar no resultado final de 3h30m. Esse era o meu objectivo, mas depois da forma como me senti ontem na parte final, tenho receio do que possa acontecer se forçar demais no início...

Thursday 4 October 2012

Maickel Melamed

Li hoje no Diário de Notícias uma daquelas notícias que nos arrepia de emoção. A história gira à volta de um cidadão Venezuelano, de nome Maickel Melamed, cuja história de vida e um permanente desafio aos limites da capacidade humana.


Começando desde o momento do seu nascimento a contrariar todas as leis das probabilidades, este latinoamericano lançou a si próprio o desafio de concluir as 5 mais famosas maratonas do mundo, mesmo que seja portador de uma deficiência motora profunda. Em 2010 concluiu a de Nova Iorque e há dias a de Berlim.

Aconselho a visita ao seu site pessoal e deixo aqui um dos textos que lá encontrei:




¡Resulta que buscaba, buscaba y buscaba para nunca encontrar!

Los seres humanos siempre tenemos posibilidades de mejora, de llegar más allá de nuestro estado actual, logrando ser y alcanzar cualquier cosa que queramos ser y alcanzar, desde la armonía cotidiana, hasta nuestros sueños mas osados.
Siempre hay un nivel más alto posible en cualquier ámbito de desarrollo: profesional, familiar, en relaciones de pareja, en tus condiciones físicas, mentales y espirituales; siempre existe un nivel mas alto posible.
Adicionalmente, suele pasar que la respuesta o la llave que abre la puerta a tal estado de excelencia, se encuentra en lo más simple y cercano a nosotros mismos, tan cerca que no lo vemos.
He allí la inmensa oportunidad de con un sencillo cambio de percepción, ampliar el campo y encontrar La Visión donde tus deseos y objetivos se casan con tus pasiones de forma armónica, elevando tu condición de vivir y desempeñarte de forma plena en todo lo que implique tu existir.
No llegas a conocer tus verdaderos límites hasta que los pruebas y si llegas al límite de tu desempeño, descubrirás con alegría que será simplemente, tu nuevo punto de partida.

Monday 1 October 2012

Treinos em Setembro

O mês de Setembro foi um bom mês no que diz respeito à preparação para a Maratona do Porto. Mantendo uma boa cadência de treinos, consegui introduzir algumas sesões de séries (que praticamente não tinha feito em Agosto) e fazer treinos longos que me deram bastante confiança para enfrentar o desafio da maratona.

Aqui fica um breve resumo:

Nº de dias de treino: 22 (num dos dias treinei 2 vezes e ainda incluo a Meia Maratona Sport Zone)
Nº. de dias de descanso: 8
Nº. de quilómetros: 320,868 Km
Tempo de corrida: 25h 54m 22s
Ritmo médio de treino: 4:51/km
Nº. de treinos com mais de 20 km: 5
Treino mais longo: 33,75 Km

O corpo aguentou bem esta carga de treinos e sinto que a capacidade de recuperação de um treino para o seguinte está a melhorar. Hoje, por exemplo, sinto-me bastante bem, mesmo depois de um fim de semana em que, em dois treinos, corri 54 km. Julgo que isso está a acontecer porque, apesar de não seguir um plano de treinos tecnicamente muito elaborado, fui seguindo as indicações que o corpo me dava e, aos poucos, fui subindo de forma e absorvendo as várias etapas da preparação.   Estas últimas semanas antes da maratona servirão para fazer o "ajuste" final à minha preparação. Vamos ver como correm as coisas...
 
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