Tuesday 8 November 2011

Antes da Maratona do Porto

A minha participação da Maratona do Porto deste ano teve contornos completamente diferentes das antesriores 3 edições em que alinhei à partida da prova.
No primeiro ano que fui (em 2008), vivia a emoção da estreia. Tinha feito uma preparação razoável, embora a falta de experiência fosse evidente. Acabei em perda, mas muito feliz pela sensação de cortar a meta, uma das mais intensas da minha existência.
No segundo ano tinha feito uma preparação melhor e as expectativas eram altas. Apesar de ter feito aí o meu melhor tempo na distância, acabei bastante debilitado (creio que por falta de alimentação durante a prova), tendo passado longos minutos na tenda da Cruz Vermelha. No fundo, foi bom pelo record, mas algo traumático.
No ano passado as coisas correram ainda pior. Também entusiasmado por uma boa preparação, geri mal os andamentos e paguei uma pesadíssima factura, não conseguindo chegar à meta e tendo, novamente, de recorrer aos eficazes serviços da equipa da Cruz Vermelha quando faltavam escassos três quilómetros para a chegada. Depois do que tinha sucedido no ano anterior, esta situação levou-me a mudar algumas coisa na minha preparação para as maratonas. Confiante na nova estratégia de preparação, apostei em mudar de ares e fazer uma maratona na Primavera. Talvez o Porto me estivesse a dar azar! Foi em Maio, mas em circunstâncias muito condicionadas por um inesperado problema de saúde que me impediu de correr durante quatro das últimas seis semanas antes da prova. Apesar disso, e porque tinha feito uma preparação muito boa entre Janeiro e Março, o resultado foi muito satisfatório, não tanto pelo tempo final, mas pelas sensações que vivi e pelo sentimento de superação que se apoderou de mim.
Depois disso, a minha participação na Maratona do Porto era um dado adquirido. Ja refeito do problema de saúde, sentia-me em condições de fazer uma boa preparação e conseguir, também no Porto, correr uma maratona que me deixasse plenamente realizado: um bom tempo e boas sensações físicas durante e após a corrida.
Infelizmente, tudo correu mal. Não interessando aprofundar aqui as razões que levaram a que tenha corrido tão pouco nos últimos meses, a verdade é que a minha preparação me aconselhava a tudo, menos correr uma maratona. Vejam lá:
Julho - 5 treinos - 52 Km
Agosto - 10 treinos - 114 km
Setembro - 10 treinos - 122 km
Outubro - 0 treinos - 0 km
Novembro - 0 treinos - 0 km
Em resumo, fiz 25 treinos e 288 km nas 18 semanas antes da prova, sendo que corri zero vezes e zero quilómetros nas seis semanas imediatamente anteriores à prova.
Estando a inscrição feita desde Agosto, passei as últimas semanas a pensar no que haveria de fazer. Uma hipótese era pedir à organização a transferência da minha inscrição para a Family Race. A outras alternativa era não ir, como fiz na Corrida de S. João, uma prova à qual não falava há bastante tempo.
Andei nisto até à semana da prova. Não sei bem o que me fez decidir, mas, confrontado com estas dúvidas existênciais, acabei por escolher a maratona.
Nestas circunstâncias havia muito receio. Como é que irei reagir? Será que o corpo vai aguentar um esforço tão grande depois de perder a rotina da corrida? Será que, mesmo reduzindo o ritmo, irei conseguir? Enfim, as dúvidas eram imensas.
Talvez por isso, tenho escrito pouco neste blog. Quem o segue certamente reparou no silêncio dos últimos meses e agora percebe que não é só de palavras, mas também de quilómetros. De qualquer forma, quem gosta de correr pode ter fases melhores e fases menos boas, mas uma coisa é certa:
- Uma vez maratonista, maratonista para a vida!

12 comments:

Anonymous said...

Números que sendo a vida do corredor dito de palavras o deixam sem as memsmas.
Abraço,
António

joaquim adelino said...

Grande Paiva, e grande atrevimento.
A generosidade e a humildade levou-te a estar presente na linha de partida com o sentido de a concluir ainda que isoladamente e a sofrer o bom sofrer e mostrar aos amigos que esta Maratona também é tua. Por certo não faltaram os incentivos durante toda a prova e acredito que foram esses mesmos incentivos que te "obrigaram" a chegar ao fim. É estofo de campeão, um dia a Maratona do Porto vai-te sorrir e eu quero estar lá para ver e dar-te um abraço de parabéns pelo sucesso, tal como o faço hoje pela grande coragem que tiveste em enfrentar aquilo sem ter as mínimas condições. Desejo-te boa recuperação e ficamos desde já há espera da 9ª Edição da Maratona do Porto. Abraço.

Fernando Andrade. said...

Bravo, Miguel.
De facto nada te aconselharia a fazer a maratona sem treino nos últimos meses. Mas, com um andamento adequado (digo sempre isto!!!) não há distância que não se faça. Cumpriste aquilo a que te propuseste: pôr, mais uma vez, a tua chancela na melhor maratona que temos por aí, dando o teu contributo para a festa, engrossando o numeroso pelotão de maratonistas. Parabéns, Miguel.-
Grande Abraço.

FA

MPaiva said...

Novais,

Outras??? Não tenhas dúvidas. A do Porto de 2012 é garantida e vamos ver se ainda se arranja outra para a Primavera!

abraço
MPaiva

MPaiva said...

António,

Mais uma vez obrigado pelas palavras que vais deixando por aqui. Poucas ou muitas, chegam onde mais fazem efeito!

abraço
MPaiva

MPaiva said...

Joaquim,

A sintonia entre as pessoas vê-se e traduz-se em coisas como estas: um comentário absolutamente certeiro e que traduz em palavras aquilo que se passa comigo.
"Atrevimento" - A decisão de ir à maratona foi uma forma de o mostrar!
"Humildade" - Ir, sem ter a certeza do desfecho final e correndo o risco de uma nova desistência ou ida à Cruz Vermelha, foi uma decisão em que me expuz a um risco demasiado elevado. Como senti no passado domigo, para podermos ser felizes não podemos ter medo do fracasso.
"Isoladamente" - A escassa presença no blog e, porque não dizê-lo, a descrição com que me inseri na festa da Maratona do Porto não aconteceram por acaso.
"Sofrer" - Quem fez maratonas sabe que a capacidade de sofrimento é a chave da felicidade.
"Amigos" - Não corri necessariamente para eles, tenho de assumir, mas sabê-los em sintonia comigo ajuda imenso, não tenho a menor dúvida!

abraço
MPaiva

MPaiva said...

Fernando,

É bem verdade o que dizes. Correr a Maratona do Porto já se transformou numa espécie de obrigação auto-imposta que faço com grande satisfação. Isto é um paradoxo? É, mas a maratona e a sua magia estão para lá das leis da ciência!

abraço
MPaiva

NS said...

Anda uma pessoa a convencer os amigos e colegas de trabalho de que o difícil não é fazer a maratona, o difícil é treinar para ela, e vêm tipos como tu e destroem toda esta argumentação...não se faz Miguel :-)

Agora a sério, fica o registo de mais um exemplo em que o ser emocional se sobrepoem e supera o ser racional. Parabéns pelo feito!

Abraço e agora boa recuperação.
NS

MPaiva said...

Nuno,

A teoria está certa e acredita que não tenho intenção de repetir a "façanha" muitas vezes. Tenho a certeza que vou superar esta fase brevemente e que na próxima (vamos ver se dá para ser na Primavera), conto alinhar em condições "normais"!

abraço
MPaiva

Ricardo Baptista said...

Miguel,
Ainda andei à tua procura na partida para saber das tuas intenções.
Parabéns pela maratona feita, e também pela coragem de a fazeres.
Um abraço.

Nuno said...

Parabéns pela coragem de enfrentar a maratona sem o treino adequado.

Dos fracos não reza a história!

www.passadarapida.blogspot.com

Ricardo Oliveira said...

Caros corredores,

Sou de Lisboa e por vezes falta-me pessoal para dar umas corridas ou caminhadas durante a semana ou mesmo ao fim-de-semana. Descobri este site que é basicamente uma rede social de desportistas que permite convidar amigos ou pessoal que não se conhece para fazer um jogging, escolher o local, e ainda coordenar o evento facilmente. Acho que poderá ser importante para criar uma comunidade não só de corredores mas tb de outros desportos (BTT, futebol, ténis, etc.), e fazer com que o pessoal se conheça, e claro, que treine mais e em sítios diferentes. Por isso estou a divulgar. Vejam em www.spoortal.com !!!

Abraço, Ricardo Oliveira

 
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