Tuesday 25 November 2008

Treino sozinho/acompanhado

Por circunstâncias que derivam da minha reduzida disponibilidade de tempo para treinar, acabo por fazê-lo, quase sempre, a solo. Há pessoas que se queixam bastante da menor motivação neste tipo de circunstâncias, mas, da minha parte, não o faço. Já me habituei à situação e acabo por manter uma rotina que não vacila perante a falta de companhia.
A única excepção a esta regra são os os treinos de Domingo (os mais longos), que efectuo, praticamente sempre, na companhia do meu amigo João Ferreira. Tendo nós ritmos bastante semelhantes e o interesse em correr à mesma hora (sempre às 08.00h), o treino acaba por ser bastante agradável, pois sempre vamos conversando, o que ajuda a que o tempo passe quase sem darmos por isso.

No Domingo passado tivemos a sorte de ter um treino ainda melhor. É que nos juntamos ao categorizado maratonista Baltazar Sousa (3º português na recente Maratona do Porto, com 2h27m!), tendo feito um treino fantástico. Partindo do parque de estacionamento do hipermercado Feira Nova na Póvoa de Varzim, fomos atè à EN 206, passando Touguinha, Touguinhó, Rio Mau, onde infletimos para Rates, subindo uma dura montanha até passar pelas instalações do Campo de Tiro, seguindo depois até Terroso, onde entramos na antiga estrada Póvoa/Barcelos, após o que apanhamos o novo arruamento que liga a Póvoa de Varzim a Vila do Conde, a Avenida 25 de Abril, tendo chegado novamente ao local de partida com cerca de 20 Km percorridos!
Foi um treino que combinou terreno plano com montanha de alguma dureza, que incluiu estrada sem grandes condições para correr (EN sem bermas...) e vias secundárias de escasso movimento e rodeadas de floresta e, finalmente, durante o qual imprimimos um ritmo razoável (acabamos com 1h31m).
Para além de tudo, foi um belo encontro de amigos que gostam de corrida, ingrediente que, se mais não fosse, já era suficiente para tornar aquele num domingo especial!

Monday 24 November 2008

Volta a Paranhos

Será alguém sabe porque razão a Volta a Paranhos, uma das mais antigas provas de atletismo que se organizam em Portugal, tem uma organização praticamente fantasma?

Se procurarmos um site da prova, não conseguimos chegar a nenhuma conclusão.

Se fizermos a nossa procura na página do Sport Comércio e Salgueiros, clube que detém a "marca" desta prova, ficamos na total ignorância.

Se formos ao site da Associação de Atletismo do Porto, pouco mais sabemos do que a existência da prova.

O Markdescobriu que a inscrição pode ser efectuada para o endereço do Spiridon Clube de Gaia (Rua da Corredoura 128 Cave, 4430-801 Avintes).

Ou eu estou bastante desatento e a pouco visibilidade da prova resulta da minha miopia, ou então há alguém que está a trabalhar mal na promoção de uma corrida que tem tudo para ser uma referência no calendário de estrada da nossa região.

Friday 21 November 2008

Treinos da semana

Os treinos continuam bons e recomendam-se. Depois de 9 dias consecutivos sem descanso na passada segunda-feira foi dia de parar. Bom, não foi uma paragem completa, pois aproveitei para fazer algo que já há muito tempo pensava, mas que tinha ficado sempre adiado: um exame de electrocardiograma com prova de esforço.
Fiz o exame tendo estado pouco mais de 16 minutos em cima do tapete. Não foi bem um treino, mas acabou por ser um teste interessante que exigiu algum esforço, especialmente na última fase em que a máquina já estava com uma inclinação superior a 20%! O resultado foi "assintomático", tendo sido identificada uma "boa capacidade funcional" e uma resposta "normal ao esforço".

Os restantes dias foram passados assim:
- Terça-feira - 65 minutos a rolar (média de 4:45/Km);
- Quarta-feira - 20 minutos de aquecimento, seguidos de 4 repetições de 1.000 metros a um ritmo de cerca de 3:30/Km com 3 minutos e 30 de intervalo de recuperação. O treino completou-se com 5 minutos a rolar descontraidamente;
- Quinta-feira - 55 minutos a rolar a um ritmo de 4:50/Km, que incluiram 4 "esticões" (repetições de 30 segundos a 3:00/Km, com 30 segundos de recuperação) nos últimos 5 minutos;
- Sexta-feira - 50 minutos a rolar calmamente, mas em ritmo ligeiramente progressivo (comecei a 5:00/Km e acabei a 4:30/Km).

Amanhã repetirei o treino de pista da passada semana e no Domingo farei um treino longo de 23 a 25 Km (em princípio um pouco mais lentamente do que na passada semana!).

Thursday 20 November 2008

Os blogues de corredores

O artigo que a excelente bloguista brasileira Yara Achôa fez publicar na revista "Contra Relógio" motivou naturais reacções de satisfação e incontido orgulho por parte de vários companheiros da blogosfera atlética, nomeadamente aqueles que foram citados. É normal que assim seja e eu próprio também fico satisfeito por estar incluído na lista de blogs que a Yara escolheu para ilustrar um movimento que está a crescer fortemente no Brasil e em Portugal.

Como já escrevi em posts anteriores, a criação deste blog foi um excelente meio de aumentar a minha motivação para treinar com o objectivo de correr a Maratona do Porto (a minha primeira maratona). Não sei se pelo facto de treinar praticamente sempre sozinho ou se por outra qualquer razão, a verdade é que a vontade de partilha da minha experiência foi aumentando à medida que a preparação avançava e que ia recebendo feed-back de outras pessoas que iam lendo o que eu escrevia e iam dando as suas opiniões, dicas e incentivos.
Por outro lado, a prática desportiva não é, infelizmente, algo que se encontre devidamente enraizado na população, pelo que não é muito fácil encontrar outras pessoas que partilhem o nosso gosto pela corrida. Também isso ajuda a que estes espaços de partilha ganhem relevância e tendam à criação de um espírito de "comunidade" entre os seus membros.

No fundo, um blog, algo que se caracteriza como sendo um espaço em que cada indivíduo expõe uma parte de si ao mundo, combina muito bem com um desporto como o atletismo. Como desporto individual, o atletismo acaba por tornar-se numa prática em que estamos em permanente desafio connosco próprios, seja porque estamos a procurar melhorar as nossas performances ou simplesmente porque estamos a viver o prazer que a corrida traz ao nosso corpo e à nossa mente. Por isso mesmo, ao expor essa experiência de vida num blog estamos a dar ainda mais relevância à sua prática, contribuindo assim para exponenciar a nossa motivação e gosto pela corrida!

Monday 17 November 2008

Treinos de fim de semana

Este fim de semana foi esplêndido. Não falo só do maravilhoso clima de Outono que nos irradiou um sol maravilhoso, mas também dos belos treinos que consegui fazer.

No Sábado, como estava previsto, fui até à pista de atletismo do Estádio Municipal da Póvoa de Varzim. Pouco conhecido da maioria das pessoas, este equipamento desportivo de excelência está integrado no Parque da Cidade. A qualidade do Estádio é excelente, com um relvado que aparenta estar muito bem cuidado e uma pista de atletismo com as condições adequadas para a prática de todas especialidades (corrida, saltos e lançamentos). Os utilizadores da pista pagam € 1,00 tendo ao seu dispor um cacifo para guardar os seus pertences durante o treino e a possibilidade de tomar banho de água quente, não havendo limite de tempo de utilização da pista (pelo menos não me falaram disso).
O meu baptismo em pista consistiu num treino que incluiu um aquecimento inicial de 26 minutos (13 voltas), seguido de alongamentos e de 10 repetições de 400 metros (uma volta à pista) com intervalos de 200 metros de recuperação. Os meus registos nas 10 repetições variaram entre 1m19s (logo na primeira) e 1m24s (a última foi em 1m22s). O treino fechou com mais 3 voltas a ritmo lento.
Apesar de ter estado completamente sozinho em pista (às 09.00h de Sábado ninguém lá estava), foi um treino que me correu bastante bem e do qual gostei muito.

No Domingo era dia de treino longo. Acompanhado pelo meu colega João Ferreira, lá estavamos às 08.00h junto ao Castelo em Vila do Conde com o objectivo de fazer 21 km. Tal como habitualmente, o percurso consistia em fazer 3 voltas completas na Marginal de Vila do Conde, tendo como ponto de regresso o limite do concelho com a Póvoa de Varzim.
Aquela hora da manhã estava um pouco fresco e fizemos o primeiro quilómetro em 5:15. A partir daí o treino começou a ganhar um ritmo cada vez mais forte, o qual fomos agentando sem especial desgaste, de tal forma que parecia que à medida que os quilómetros iam passando, a nossa vontade de correr aumentava. Ao terminar a segunda volta (14 Km) em 1h03m40s percebi que aquele treino estava a superar todas as minhas expectativas. Por isso mesmo, e numa espécie de "já agora", pensamos:
- "Já que andamos tão rápidos até aqui, porque não continuar assim até ao final"?
Se bem o pensamos, melhor o fizemos. O ritmo não abrandou na última volta (bem pelo contrário), o que nos fez terminar o treino de 21 Km com o tempo de 1h33m32s.
Como é óbvio, tempos feitos em treinos não contam para a lista de records pessoais. No entanto, se isto quer dizer alguma coisa, é que poderei estar perto de conseguir melhorar substâncialmente o meu melhor tempo à Meia Maratona, que neste momento está em 1h36m19s!

Perante um treino tão bem conseguido e num dia em que o sol irradiava belos raios que aqueciam a manhã, nada melhor do que celebrar com um mergulho na Praia da Senhora da Guia. As frias águas tornaram-se, mais uma vez, o regenerador mais adequado para os musculos da pernas que pouco depois já pareciam estar prontos para outra aventura!

Friday 14 November 2008

Treino em pista

Depois da Maratona do Porto a minha preparação passou a desenvolver-se em função de novos objectivos. Enquanto que não há outras maratonas no horizonte, estou a preparar-me especialmente para duas provas:
- A S. Silvestre do Porto, prova de que gosto muito e na qual participarei pela terceira vez;
- O Campeonato Nacional de Estrada, que, em 2009, será disputado em Mirandela e em que participarei pela segunda vez consecutiva, depois da edição do corrente ano que foi disputada em Viana do Castelo.
Em ambas as provas espero melhorar os meus tempos anteriores, o que acredito possa acontecer face à evolução que sinto ter conseguido desde que começei a treinar com mais método.
Entretanto os treinos tem decorrido com grande regularidade e de forma bastante satisfatória. Imaginem que a "coisa" tem evoluído de tal forma, que no próximo sábado, se tudo correr normalmente, conto fazer a minha estreia numa pista de atletimo em tartan. Isso irá acontecer no treino que está planeado para esse dia e que inclui 10 repetições de 400 metros. A pista escolhida será a do Estádio Municipal da Póvoa de Varzim, cujo custo de utilização é de € 1,00 por sessão.
Se estiverem curiosos, aguardem, pois, brevemente contarei mais esta experiência!

Tuesday 11 November 2008

Uma ideia...

A minha presença na blogosfera atlética (conceito que inclui os blogues que falam de forma mais ou menos intensa de atletismo) é relativamente recente. Quando decidi abrir este espaço fi-lo sem outro objectivo senão o de deixar, para memória futura, aquilo que seria o processo de preparação para a minha primeira maratona.
Em boa hora decidi fazê-lo. Com efeito, o simples facto de registar aquilo que me ia acontecendo, no que à corrida diz respeito, acabou por se transformar numa motivação extra para conseguir superar, com sucesso, o desafio da maratona. Por outro lado, a partilha dessas experiências permitiu-me interagir com algumas pessoas que não conhecia e que se vieram a tornar preciosos companheiros de aventura. Já aqui o escrevi, e repito, que os comentários que vão chegando de quem nos lê, com palavras de estímulo e incentivo, são altamente reconfortantes e incentivadoras para a continuação da nossa actividade atlética.
Sem darmos por isso, acabamos por criar, com aqueles cujos blogues acompanhamos, uma relação que, embora muitas vezes impessoal, é extremamente intensa. Quem é que, gostando de correr, não fica cativado por blogues como o da Maria, do António, do Luis, do Marco, do Capela, do Aristides, do Carlos, do Joaquim, do Jorge e de tantos outros? No fundo, acabamos por criar uma espécie de corrente de energia positiva que se vai passando entre todos e que nos une a partir da paixão pela corrida.

Pensando nisso, e porque nos aproximamos de uma época do ano propícia a isso, lembrei-me que seria extremamente interessante que pudessemos organizar um pequeno encontro onde pudessemos, com a calma que muitas vezes nos falta nas provas que corremos juntos, nas quais nos encontramos fugazmente no início ou no final, mas geralmente sem grande tempo para conversar, conviver e partilhar de viva voz as nossas experiências e a nossa paixão pelo atletismo.
A ideia seria a de organizar um pequeno evento que poderia incluir duas partes:
- Um treino conjunto (afinal, que melhor forma de convivermos senão a correr);
- Um almoço (ou jantar).

Caso haja mais gente que partilhe desta ideia/vontade, talvez seja boa ideia encontrar quem trate de avançar com um programa.

Que vos parece?


ADITAMENTO - Este blog(er) adere à proposta lançada pelo Luis Mota!

Thursday 6 November 2008

Correr porquê?

Ao ler o post que a minha amiga virtual Sandra Partridge colocou no seu simpático blog, dei comigo a pensar sobre a razão pela qual gosto de correr. No seu caso, a Sandra define assim a razão de ser da sua paixão:

"In my case, I do it because of all the above and also because after each marathon I feel powerfull. After each race I know I have defied the misconception that "getting older" means you are no longer athletic, that you no longer can do "this" or do "that". I proved to myself time and time again that I am like a good bottle of wine: The old I get the better I feel. Is not so much how I look; well that's too (rsss) but how I feel. Running make me feel good, healthier and beautiful SO I WILL KEEP RUNNING".

E eu?

A corrida é um desporto que não serve para qualquer tipo de pessoa. Sendo um desporto individual e que, no caso do meio fundo e fundo, requer muita capacidade de resistência, é uma prática que se adapta bem a pessoas que gostam de ter objectivos e que consigam motivar-se para lutar por eles com determinação. Como me encaixo nesse tipo de pessoas, acredito que essa seja uma das razões pelas quais gosto tanto de correr.

Ainda a este propósito, a corrida tem uma coisa interessantíssima: nunca deixamos de ter objectivos que nos motivem a continuar. Ontem queriamos correr uma maratona. Amanhã queremos fazê-lo abaixo de 3h30m. Depois de amanhã estaremos a lutar por conseguir correr uma maratona em New York. Depois disso estaremos a tentar conseguir um tempo que nos permita correr a maratona de Boston, etc. etc...

Outro aspecto que os praticantes de atletismo gostam imenso (eu incluído) é a maravilhosa sensação que o nosso corpo experimenta depois de um treino ou uma prova que nos deixa esgotados. Os não-atletas podem dizer que seremos uma espécie de masoquistas, mas a verdade é que é fantástica a sensação que obtemos ao levar o nosso esforço aos seus limites (ou lá perto) e ao alcançar um objectivo. É algo que nos preenche completamente, seja do ponto de vista físico seja do mental. Aliás, acho que os dois se complementam e interagem concorrendo para potenciar o prazer.

A corrida tem algo que é de inagável valor para cada um dos que a praticam: dá saúde. De um modo geral, e se medicamente orientados, ao praticar atletimos conseguimos usufruir de uma tremenda mais valia a este nível, aspecto ao qual vamos dando cada vez mais valor. No meu caso isso implica a capacidade de manter um peso estável e de me sentir "forte". Quando corro com regularidade a minha qualidade de vida é muito maior do que nos tempos que passo mais afastado da sua prática.

No seu post a Sandra fala de algo que ainda não sinto muito, mas que acredito vá sentir cada vez mais intensamente: a possibilidade que a corrida nos dá de conseguirmos lutar contra o inexorável avanço do relógio biológico. Estando ainda na casa dos trintas essa não é ainda uma motivação major, mas tenho a certeza que entrando pelos quarentes e pelos cinquentas a dentro, não deixarei de ter, na corrida, um poderoso aliado que me ajude a sentir-me capaz de vencer a sensação de perda de poder que a idade deixa em todas as pessoas. Já imaginaram o que sentirá o cidadão inglês que, com os seus vetustos 87 anos, completou no passado domingo a Maratona de New York? Velho não deve ser, concerteza!

Para além destes aspectos de cariz mais pessoal, há outros que sempre pesam, que não sendo específicos da corrida, acabam também por se verificar. Falo de coisas como a possibilidade de conhecermos pessoas novas, com as quais partilhamos o nosso prazer ou de passear por novos locais, o que fazemos quando vamos disputar provas fora da nossa área de residência, entre outros.

Julgo que é por tudo isto e, talvez, ainda mais, que nunca deixei de correr desde que aos 13/14 anos descobri este maravilhoso desporto. Com maior ou menor intensidade, a corrida faz e continuará a fazer parte dos meus hábitos.

Wednesday 5 November 2008

Reflexões pós-Maratona (E depois?)

Nos dias prévios à Maratona do Porto, ainda a prova não estava "corrida" e já eu dava comigo a ser assaltado de um sentimento de nostalgia do empenho, das emoções e das sensações vividas nas 11 semanas anteriores. Não sei se alguém se apercebeu disso pelos relatos que aqui fui deixando, mas a verdade é que os últimos 3 meses foram muito intensos para mim e todo este trabalho de preparação da participação na Maratona do Porto foi algo no qual me envolvi de "corpo e alma".

Embora estivesse altamente concentrado na Maratona, não deixava de pensar no que iria acontecer no dia seguinte (como é óbvio, sempre parti do princípio de que o objectivo iria ser alcançado - como foi). As minhas dúvidas eram do género: depois destes meses a treinar entre 6 a 7 vezes por semana, seguindo um plano de treinos que se esgota no dia 26 de Outubro, o que irei fazer depois? Continuo a treinar com a mesma intensidade? Sigo o mesmo plano de treinos, ou volto a correr como fazia até Julho? Por outro lado, pensava que, depois de alcançar o objectivo de fazer uma maratona, que mais poderia almejar? Será que iria sentir a mesma motivação para me lançar ao objectivo de correr mais maratonas? Finalmente, dava comigo a imaginar qual seria o sentimento que se iria apoderar de mim depois de alcançar o objectivo de me tornar Maratonista. Será que me irei sentir uma espécie de super-homem? Será que viverei algum momento de êxtase ao cortar a meta? Quanto tempo irá durar essa sensação?

Esta enumeração dos pensamentos que passaram pela minha cabeça, creio, dá uma noção do nível de empenho que coloquei neste objectivo e da importância que a sua superação teve para mim.

Dez dias depois já tenho algumas respostas. No fundo, aquilo que aconteceu é, nem mais nem menos, do que aquilo que sempre acontece na nossa vida. Depois de um dia vem outro. Depois de um momento de glória, a vida continua e o feito conseguido tornar-se-à tão mais perene quanto melhor nós consigamos replicar em tudo o resto que fazemos o empenho e a dedicação que nos levou a alcançá-lo. Na prática isto significa que me senti profundamente satisfeito por ter conseguido fazer a minha primeira Maratona e por tê-lo feito num tempo honroso. Aquilo que senti nesse momento é algo que já está adquirido e que já faz parte de mim. O importante agora, é seguir em frente. O importante é criar novos objectivos e lutar por eles com o mesmo empenho e determinação. Fazendo-o estou a fazer perdurar a alegria e a satisfação que senti no dia 26 de Outubro passado!

Por isso mesmo, depois de uma semana de descanso, esta semana voltei aos treinos com a mesma intensidade (em 3 dias já levo cerca de 32,5 Km de treinos). Neste período resolvi a questão que mais me preocupava, que era a da falta de orientação técnica. Com efeito, e creio que nestas coisas a sorte acaba por vir ter connosco, acabei por travar conhecimento com o grande atleta Baltazar Sousa (foi o 3º português na Maratona do Porto), pessoa com quem acabei por estebelecer rapidamente uma grande empatia e que se disponibilizou a dar-me apoio técnico na orientação do meu treino doravante. Finalmente, já defini, para mim mesmo, alguns objectivos que espero conseguir alcançar a curto prazo, e que brevemente vos darei conta.

Tuesday 4 November 2008

Reflexões pós-Maratona (Ainda a prova)

Passada mais de uma semana sobre a prova, já consigo fazer uma análise mais "a frio" sobre o meu desempenho.
De acordo com os dados oficiais, o meu tempo líquido foi de 3h 38m 34s. A passagem à meia maratona foi no tempo de 1h 45m 06s (eu tinha registado mentalmente um tempo por volta de de 1h 44m), o que significa que a segunda metade da prova foi efectuada em 1h 53m 28s. Assim temos:
1ª metade - 1h 45m 06s (média de 4:59/Km)
2ª metade - 1h 53m 28s (média de 5:23/Km)

Esta grande diferença entre o ritmo das duas metades da prova é, pelo que me fui apercebendo nas várias conversas com as pessoas com quem falei e daquilo que li antes da prova, uma coisa que acontece habitualmente aos maratonistas, com maior incidência nos inexperientes. No meu caso creio que isso aconteceu fruto de uma planificação ligeiramente optimista do ritmo de prova. Nestas coisas ficamos sempre com a dúvida sobre qual seria o resultado final se tivesse andado dois ou três minutos mais lento na primeira metade. Será que isso me daria condições para, na parte final, imprimir um ritmo mais elevado e ter conseguido um tempo final inferior ao que consegui? Apesar da dúvida (legítima) tenho a sensação de que se voltasse à linha de partida iria seguir uma estratégia idêntica, pois sentia-me bem preparado.

Entretanto, há algo que me deixa satisfeito. Como aqui tinha deixado escrito há muito tempo, a preparação para a Maratona do Porto foi a primeira vez, desde há muitos anos, que treinei com algum método. Até aí os meus treinos eram totalmente desprovidos de técnica que me permitisse evoluir para patamares de rendimento mais elevados.
Por outro lado, o plano de treinos que segui foi aquele que estava publicado no site da Maratona do Porto. Quem lá for espreitar pode constatar que o Plano estava preparado para 20 semanas e dava 3 opções de treino em função dos objectivos:
- Quem pretendia alcançar um tempo entre 2h50 e 3h15
- Quem pretendia alcançar um tempo entre 3h30 e 4h00
- Quem pretendia alcançar um tempo entre 4h00 e 5h00

No meu caso, escolhi a segunda alternativa. No entanto, por questões de agenda, apenas comecei a minha preparação a tempo de cumprir 12 das 20 semanas previstas. Para além disso, o Plano que foi publicado deixava muitos aspectos por responder, como os ritmos de treino, das séries, etc.
Vistas as coisas à posteriori, creio que ter conseguido ficar perto do limite de tempo mais baixo do intervalo é bom. Por outro lado, acredito que as dificuldades que senti na parte final da prova se fiquem a dever ao facto de ter feito apenas 12 das 20 semanas previstas, pois ter-me-à faltado resistência suficiente para conseguir manter o mesmo ritmo na segunda metada da maratona.

Finalmente, e de acordo com os dados do meu relógio Polar a pulsação média foi de 162, sendo que me mantive cerca de 2/3 do tempo abaixo de 85% da capacidade máxima teórica. Trata-se de um resultado em tudo compatível com aquilo que senti ao longo da prova e que me deixa confiança de que em futuras maratonas tenho alguma margem para melhorar o desempenho.

Monday 3 November 2008

Reflexões pós-Maratona (A recuperação física)

O tema da recuperação física pós-Maratona é sempre muito abordado pelos especialistas na matéria. Tendo falado com algumas pessoas sobre o assunto, deixo-vos a minha experiência pessoal.

O pior período que passei no pós-Maratona foram as 5 horas seguintes ao final da prova. No primeiro momento senti grandes dores musculares nas pernas, as quais foram substâncialmente atenuadas com a massagem disponibilizada pela organização e à qual recorri. No momento imediato ao trabalho do massagista a sensação de desconforto e dor melhora bastante, embora se fique com a sensação de que o efeito vá "desaparecendo". (Talvez seja importante dizer que foi a primeira vez na minha vida que recorri a um massagista...).
Depois dessa sensação, e na viagem de regresso a casa, senti um mal estar geral no corpo, situação que me surpreendeu e que era bastante desagradável. Não havia nenhum sintoma de dor aguda em parte alguma e a melhor comparação que posso fazer é com aqueles dias em que estamos doentes, de cama, sem forças para nada... Uma coisa bastante desagradável que durou até chegar a casa. Aí tive oportunidade de (finalmente) tomar banho, após o que me deitei cerca de meia hora.

Após esse repouso as coisas começaram a melhorar. Fui almoçar e comecei a reagir. O resto da tarde foi passado calmamente em casa. Ao final da tarde já me sentia francamente melhor. Não vou dizer que estava pronto para fazer um treino, mas já não sentia nada de semelhante ao que passei nas primeiras horas.

No dia seguinte fiz uma longa viagem até ao sul do país (estive por lá na passada semana em gozo de férias), não tendo sentido nada digno de relevo, a não ser o facto de não ter dores de espécie alguma. Esse foi o meu primeiro dia de descanso. Na terça-feira fiz o meu primeiro treino. Cauteloso, corri cerca de 40 minutos em ritmo lento, tendo percorrido cerca de 6 quilómetros. A sensação que tive não era muito diferente da que comecei a sentir a partir dos 30 Km na Maratona do Porto, ou seja, as pernas estavam um pouco "pesadas". De qualquer forma, como o ritmo era baixo, não houve dificuldades nenhumas.

Depois disso voltei a treinar na quinta feira (55 minutos - 9,5 Km) e no sábado (35 minutos - 7 Km). Em ambas as vezes senti-me bastante bem e capaz de fazer uma corrida razoavelmente solta. Ontem voltei a descansar e hoje recomecei os meus treinos num ritmo idêntico que que tinha no período pré-Maratona.

Em resumo, posso considerar que a minha recuperação coreu bastante bem, com a excepção das primeiras horas depois da prova.
 
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