A semana foi de mentalização. O pai incentivava-a o que fazia com que ela sonhasse com a sua primeira corrida. "Eu vou ganhar, papá", dizia ela quando falavam do assunto. "Claro que sim, tu és uma campeã", dizia-lhe o pai.
Na véspera da prova uma ligeira constipação quase deitava tudo a perder. É importante correr, mas só se estivermos bem, pensava o pai, olhando para o que têm sido os seus últimos tempos, afastado das corridas por não ter dado devida atenção aos sinais do corpo. Felizmente as coisas evoluiram muito positivamente e ela acordou cedo e cheia de energia. Às 10.00h sai de casa com o pai com três objectivos: correr, ir brincar no escorregão e comprar a bola que o pai lhe tinha prometido como prémio pela sua primeira corrida. Sim, um momento tão importante merecia, certamente, um prémio.
"Papá, quero ir primeiro brincar no escorregão", dizia ela ao sair de casa. O pai, que não sabia bem o horário das provas, não cumpre o seu pedido e dirigi-se directamente para o local onde seria disputada a corrida: o bairro da Matriz, na Póvoa de Varzim. A corrida estava integrada nas comemorações do 22º Aniversário da Associação da Matriz, uma das tradicionais colectividades que se dedicam ao desporto e à cultura e que, com uma entrega louvável por parte dos seus dirigentes fazem com que tantas e tantas crianças tenham oportunidade de praticar desporto.
Chegados ao local, constatam que ainda falta algum tempo. "Quanto?", pergunta o pai sem, contudo, conseguir obter uma resposta concreta. Ela é que não estava pelos ajustes. "Papá, não quero correr, quero ir ao escorregão", dizia ao ver que a ordem do programa que tinha imaginado não estava a ser cumprido. O pai, apelando ao melhor do seu argumentário lá a tentava entreter. Primeiro o momento da colocação do dorsal, cerimónia que a deixou visivelmente envaidecida. Ela olhava para os outros meninos e meninas e todos tinham um dorsal e ela também! Depois, viu uns cães espreguiçar-se ao sol, e não resistiu a brincar com eles. Eram uns rafeiros simpáticos e bonacheirões que se deixaram acariciar e que reagiam com satisfação às suas brincadeiras. Com estas manobras o tempo ia passando e ela ia ficando por ali. A prova estava quase a chegar.
Quando, finalmente, chegou a hora da prova, ela parecia já mais convencida. Concentrada e com o sentido de responsabilidade que sempre coloca nos momentos importantes, agarrava a mão ao pai com força e juntou-se aos seus colegas de corrida sem pestanejar. Ela queria mesmo correr. A prova tinha cerca de 300 metros, pelo que a partida era dada num local diferente da chegada. Vão até lá de mão dada, ela sempre a apertar a mão do pai com muita força. "Papá, vamos correr com a mãozinha dada, está bem?", dizia ela, habituada que está a viver os seus grandes momentos sempre com o seu pai ou a sua mãe por perto.
Estão já alinhados na linha de partida a aguardar que soe o apito que marca o início do grande momento. "Partida"! Ela começa imediatamente a correr com as outras meninas e com a mão dada ao pai, que a acompanha. A certa altura o pai diz-lhe que é melhor largar a mão e correr como as outras meninas. Ela solta-se e correr sozinha. Com vontade e empenho. O pai segue ao seu lado incentivando-a. O público presente aplaude o que dá ainda mais força às pequenas atletas.
A prova corre muito bem. Ela corre todo o percurso sem parar. A meio o pai chega a duvidar da sua capacidade para fazer aquela corrida de forma contínua, mas engana-se. Sem necessidade da mão do pai, ela corre como uma campeã. Cumpre o percurso sem grandes oscilações de ritmo e atinge a meta com prazer. De tal forma que ao perceber que a corrida estava a terminar, ergue as mãos em sinal de vitória.
Ao chegar recebe um cartão que dizia 14º lugar. Logo de seguida dão-lhe outro que dá acesso a uma garrafa de águas. E entregam-lhe ainda uma medalha, o que a deixa muito orgulhosa de si própria. Sim, ela cumpriu a sua promesa e ganhou!
Hoje, a uma semana e um dia de completar quatro anos de vida, a Joana fez a sua primeira corrida. Pouco depois andou de escorregão e foi com o pai comprar a merecida bola. Ao chegar a casa a mãe perguntou-lhe como tinham corrido as coisas. "Foi espectacular, mamã" disse-lhe ela. E teve razão!
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9 comments:
Que giro Miguel! Parabéns à pequenita e que vocês lhe consigam de facto incutir o gosto pela corrida, pois sem isso... nada feito.
Um beijinho para ela
Ana Pereira
he he, fantástico!
Cá por casa o insecto só quer bola...
Abraço.
Olá Miguel
apetece dizer como disse a Joana: espectacular.
Foi com toda a certeza uma bela manhã também para ti.
As fotos estão, claro, espectaculares.
Continuação de boa recuperação.
Grande abraço,
Família Almeida
Olá Miguel!
Uma participação maravilhosa a da Joana.
Muito bom para a menina sentir o apoio dos pais.
Curiosamente, tal como a Joana, a minha primeira medalha foi um 14º lugar em Fátima.
Espero que a Joana continue a aparecer com novas participações. Força menina!
Grande abraço,
Luís Mota
Parabéns Joana
Excelente dia de corrida e claro de escorrega...lol
JCBrito
Olá amigo MPaiva.
É bonito de ver os primeiros passos de corrida da filhota, com a idade dela aquilo ainda é um pouco estranho mas com o tempo e alguma paciência ela vai habituar-se.
Um abraço.
Ola Miguel
Parabéns pela filhota campeã.
Bravo, Miguel.
Temos campeã!
Parabéns para a Joana, que vai ficar entusiasmada. O 1º passo está dado.
FA
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-o--oO--(_)--Ooo-
Parabéns a pequena Joana pela sua 1ª corrida com certeza serás uma grande campeã no futuro, aliás já está sendo.
Valeu...
JORGE CERQUEIRA
www.jmaratona.blogspot.com
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