Monday 26 January 2009

Pubalgia

Quando corri a Maratona do Porto, em finais de Outubro de 2008, senti, na última parte da prova, algumas dores nos musculos abdominais às quais não prestei grande importância. "Deve ser do esforço dos últimos quilómetros da Maratona", pensei eu.
A verdade é que durante o mês de Novembro continuei a sentir essa estranha dor, a qual se agravava. Para se ter uma noção daquilo que sentia, a sensação era a mesma que temos no dia seguinte a ter feito uma sessão de abdominais (uns 50 ou 60) depois de ter estado uns bons anos sem ter feito nenhum!

Começando a preocupar-me com o assunto, procurei um médico que me fez uma observação atenta, não tendo descoberto qual poderia ser a razão do problema. Receitou-me um anti-inflamatório. Por alturas do final de Novembro, em conversa com o meu amigo Baltazar Sousa, este disse-me que eu deveria estar a sofrer os efeitos de uma pubalgia.

Numa breve pesquisa na net, encontrei esta definição de pubalgia:

O termo "pub" refere-se ao Púbis, um dos ossos da bacia, enquanto "algia" significa dor. A dor originada no púbis tem diversas causas e uma delas é o treinamento intenso que provoca micro-traumatismos no local resultando em inflamação e dor. Esse processo de lesão pode acometer o osso, ligamentos e cartilagem e conseqüentemente os músculos desta região: os abdominais e adutores (parte interna da coxa). A dor no local (púbis) ou nas proximidades (coxa, e escroto) é o principal sintoma. Daí a importância de se fazer o diagnóstico diferencial com outras doenças como, por exemplo, distensão muscular, infecção urinária e hérnia inguinal. Como a pelve (ossos da bacia) está intimamente ligada com a coluna vertebral e os membros inferiores, a falha no tratamento ou a gravidade da lesão pode desencadear outros tipos de dores e lesão como dor nas costas (lombalgia). O tratamento baseia-se no repouso, anti-inflamatórios e fisioterapia. Deve-se manter o condicionamento cárdio-respiratório com outras atividades de baixo impacto como exercícios na piscina. Normalmente os sintomas desaparecem em algumas semanas, mas alguns casos podem se prolongar por meses. Nestes casos, passa-se a pensar em tratamento cirúrgico. A prevenção envolve a programação dos treinamentos por especialistas (técnico, preparador físico e fisioterapeuta), dando atenção especial para o equilíbrio articular e muscular da pelve. Como a pubalgia geralmente começa como uma dor mal caracterizada na região da virilha ou das coxas, as pessoas vão tratando como simples dor muscular. Portanto, deve-se sempre lembrar a existência deste tipo de lesão para se fazer o diagnóstico correto e prevenir complicações e agravamento da lesão. A dor é um sinal de que algo não vai bem no corpo. Por isso, procure sempre orientação médica para fazer o diagnóstico precoce da sua lesão.

A razão de ser do problema era fácil de identificar. Atér ao dia 1 de Agosto de 2008 tinha treinado 774 Km. Entre Agosto e o final de Novembro treinei 1.455 Km, ou seja, quase o dobro em muito menos tempo! Por outro lado, até Agosto o meu treino incluia sempre corrida e uma parte de reforço muscular. A partir de Agosto, pressionado pela necessidade de fazer quilómetros para a Maratona, prescindi da componente muscular do treino, fazendo quase sempre apenas corrida e uns ligeiros minutos de alongamentos (a pressão da falta de tempo leva-nos, por vezes, a estas decisões erradas).

Consciente do problema e da necessidade de fazer alguns exercícios específicos, acabei por não iniciar o plano de "tratamento", pois fui forçado a parar de correr completamente durante 10 dias no início de Dezembro por (outras) questões de saúde. Ora, um efeito "colateral" dessa paragem foi o alívio na dor abdominal que vinha sentindo, o que ainda mais me fez esquecer a necessidade de fazer o "tratamento" da minha pubalgia.

Com a vontade de chegar em boa forma às importantes provas que vinham de seguida (S. Silvestre do Porto e Nacional de Estrada), avancei com um plano de treinos intenso na segunda metade de Dezembro e primeira de Janeiro. A consequência foi simples: a pubalgia voltou a fazer sentir os seus efeitos, tendo inclusivamente dado um sinal de se poder alastrar dos musculos abdominais para os da parte interior da coxa esquerda.

Perante este cenário, não me restava outra hipótese senão parar um pouco com o objectivo de resolver definitivamente o problema. Na passada semana treinei apenas 4 vezes, num total de 42 Km. Os treinos, para além de corrida, tem incluído estiramentos e alguns exercíos específicos para tratar do problema. Esta semana vou continuar no mesmo ritmo. Felizmente sinto que as coisas estão bem melhores. As dores abdominais praticamente desapareceram e as da coxa também. Se assim continuar, na próxima semana começarei a treinar novamente em ritmos crescentemente mais aproximados ao que vinha fazendo.

A próxima grande prova será, em princípio, a Meia Maratona de Lisboa.

9 comments:

Mark V said...

Olá Miguel,

As melhoras para essa arreliadora lesão!
Esses sintomas são de alguma forma um aviso para mim que conto correr a Maratona em Novembro e que já estou a intensificar os treinos à medida do possível.
Entretanto tb vou fazer uma prova de esforço, que tenho vindo a adiar sucessivamente.

Um abraço

joaquim adelino said...

Amigo MPaiva
Agora sim, sabemos o que se passa consigo. Quantos erros não cometemos quando só pensamos em correr e não acautelamos a evolução e transformação do nosso corpo para as exigências que lhe vamos pedindo no dia a dia. O seu post dá-nos uma grande lição daquilo que devemos e não devemos fazer e a forma como devemos estar alerta para os sinais que o nosso corpo nos vai transmitindo.
Espero que as coisas agora estejam a ficar melhor e possa finalmente dar largas a essa enorme vontade de correr, mas com os devidos cuidados.
Um abraço.

Anonymous said...

Amigo
as tuas rápidas melhoras.
Abraço,
antónio almeida

João Paulo Meixedo said...

9 meses, meu amigo, foi o tempo que demrei a debelar uma dessas, que começou do lado direito e se foi expandido para a perna esquerda. Até a ... me doía.
O problema é que não parei de jogar futebol durante esse tempo.
Só passa com fisioterapia (10 a 15 sessões) e PARAGEM!!!!
Diz o Frei Tomás :)

Nuno said...

Olá Bom dia
Eu ja tive esse problema, a solução foi ir fazer 15 sessões de fisioterapia e começar a fazer alongamentos todos os dias, mais um trabalho de força. Tive de consultar um fisiatra, perito nestes casos, que me aconselhou este tipo de tratamento e um abrandamento nos treinos, este ultimo conselho não compri....-:)
Tive melhoras significativas, mas quando a dor desapareçe desleixo-me nos alongamentos, depois volta a aquela dor. No meu caso é do lado direito.
Mas agora tenho andado melhorzito.

Uma boa recuperação
Abr

luis mota said...

Olá Miguel!
Como a figura mostra, os músculos adutores fazem a inserção num ponto,zona da púbis. Como são dos músculos mais potentes, como agonistas necessitam de antagonistas,parede abdominal, também fortes, que se inserem no mesmo local.
Quanto a mim, além da fisioterapia é necessário o descanso, alongamento dos músculos esquio tibiais e reforço da parede abdominal.
Boa recuperação,
Luís Mota

simplifique said...

Olá !!
Que bom que vc identificou o problema. Parabéns. Agora, é se cuidar e avançar com calma.
Abs.

José Capela said...

Miguel,

Espero que te recuperes o mais rápido possível. Nestes casos exige-se paciência, o que nem sempre é fácil para quem já faz da corrida uma rotina diária.

Abraço

José Capela

Fernando Andrade. said...

Olá Miguel.

Esperemos que seja apenas uma ligeira dor e não sinal de lesão daquelas que chateiam.

As melhoras e um grande abraço.

FA

 
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