A minha Meia Maratona Sport Zone

O dia começou ameaçador. Quando me levantei para tomar o pequeno almoço, às 06.20h, chovia bastante em Vila do Conde e imagino que também chovesse no Porto. Por volta das 07.00h a chuva parou e quando saí de casa, às 08.00h, o tempo, mostrando-se ainda instável, já dava mostras de conseguir "aguentar" a chuva bem longe.
Depois de estacionar a viatura, aproveitando o transporte dos atletas para o local de meta que a organização disponibilizou, apanhamos o autocarro no Jardim do Calém. Apesar dos milhares de participantes tudo correu de forma simples e eficaz, o que merece aplauso.

Chegamos à meta bastante cedo (faltava uma hora para a prova começar). Ainda estavam poucos atletas, pelo que deu para cumprimentar algumas pessoas amigas: o Jorge Teixeira, o organizador da prova, a Aurora Cunha e a Ana Pereira que aproveitava o tempo de espera para fazer "reportagem" para o blog da Maria!
Com o tempo a avançar começaram a chegar os VIP's. A Vanessa Fernandes chegou de bicicleta acompanhada pelo "velho" Lau, o pai babado cuja energia e forma simples de estar na vida não deixam ninguém indiferente. O contingente africano, com o "pequeno" Wangiru em destaque, chegou no autocarro da organização. Nós, que estavamos ligeiramente atrás, acompanhavamos tudo com o olhar e com as palavras do speaker de serviço, que ia colhendo várias opiniões sobre a prova. Foi assim que soubemos que a Aurora Cunha tinha chegado na noite anterior de Pequim, onde esteve a acompanhar a comitiva Paralímpica portuguesa, o que mereceu uma justa salva de palmas de todos os atletas.

Vamos então à prova. Como é habitual, comecei com um ritmo demasiado forte. O primeiro quilómetro foi corrido em 4:10m, ritmo que me assustou um pouco. Foi assim que decidi abrandar, passando aos 3Km em 13:00m. Os 5Km, já perto da Afurada, foram cumpridos em 22:00m, num ritmo controlado que me parecia adequado. A passagem aos 7 Km (a passagem que marca um terço da prova) aconteceu aos 31m de prova, tempo que estava dentro dos meus planos. Sentia-me bem, pelo que continuei nesse ritmo. A passagem pelo coração da Ribeira de Gaia, que coincidia com os 10 Km aconteceu com cerca de 45:00. Estava aí instalado um posto de abastecimento em que nos ofereciam água e também garrafas de Powerade. Tinha intenção de apanhar duas garrafas de água, uma para beber e outra para despejar pela cabeça para refrescar o corpo. A verdade é que apanhei a primeira garrafa de água, mas a segunda já era de powerade "Aquaplus". Eu só conhecia as garrafas amarelas, laranja e azuis, pelo que, no ínício pensei que aquela garrafa com uma bebida incolor fosse de água. Vi logo que não era, mas não pensei que tivesse problemas em beber, pelo que ingeri cerca de um terço do conteúdo. Passados algumas centenas de metros, senti qualquer coisa no estômago, mas acabei por recuperar um pouco depois de beber uma garafa de água que consegui apanhar entretanto.
Com essa ligeira perda, acabei por baixar um pouco o ritmo de corrida, tendo passado aos 14 Km em 1:04:00. O atraso para o meu objectivo de correr abaixo de 1h35m era de cerca de 1 minuto. Apesar disso, acreditei que seria possível recuperar, pois sentia-me bem e com força. Foi assim que cheguei à placa dos 15Km, já depois de contornar junto à Ponte do Freixo com um tempo 1:08:40. Por essa altura houve novo abastecimento, momento em que cometi o meu grande erro da prova. Depois do aviso da reacção adversa em relação à ingestão de powerade, colhi novamente uma garrafa desse líquido que ingeri. A decisão de beber aquilo é de uma irracionalidade atroz e que tenho dificuldade em explicar a mim mesmo.
Depois do que sofri em Matosinhos com uma bebida desse género e do aviso que tive após o abastecimento dos 10 Km, só mesmo uma enorme carga de estupidez pode explicar o que fiz. No entanto, a verdade é que acabei por gastar uma garrafa de água despejando-a pela cabeça abaixo e por beber o powerade, que viria a liquidar as minhas aspirações de fazer uma boa prova. Mais valia tivesse feito o contrário!
Bom, a verdade é que antes dos 16 Km já eu estava com fortes dores abdominais ao estilo da famosa "dor de burro", que me impediam de continuar ao ritmo que estava a imprimir. Baixei fortemente o andamento, para um ritmo bem inferior a 5:00/Km, sempre com a mão a pressionar o abdomen para tentar "segurar" a dor. Fui ultrapassado por imensos atletas o que me dasagradou terrivelmente, mas o que eu não queria era parar de correr... Andei assim, a arrastar-me literalmente, até aos 19 Km, depois de ter vomitado partes do terrível líquido, o que me fez melhorar um pouco. Por essa altura recuperei e comecei novamente a impor o meu ritmo, tendo consegui ultrapassar bastantes atletas nos últimos 2 Km, que cumpri em 9:00m.

Foi assim que completei a minha prova no tempo de 1:40:05, ficando bastante longe do objectivo que tinha colocado a mim mesmo. Olhando para a forma como me senti, não consigo ter a certeza de que o tivesse conseguido sem o "problema powerade". Acredito que sim, pois sentia-me forte na passagem aos 15 Km e a corrida em direcção à meta seria sempre um incentivo para forçar um pouco mais o andamento. De qualquer forma, não tenho dúvidas que um tempo na casa de 1h36m teria sido alcançado sem especiais dificuldades.

Sem negar alguma frustração, há duas boas lições que tiro desta prova:
- NUNCA mais vou voltar a ingerir Powerade ou afins durante a corrida.
- É preciso continuar a treinar com forte intensidade para conseguir fazer sem grandes dificuldades a Maratona do Porto.